Leitor cobra esforço coletivo do poder público para minimizar efeitos da seca no interior de Juazeiro

por Carlos Britto // 07 de janeiro de 2013 às 12:33

Diante do quadro desolador que testemunhou na virada de ano, no interior de Juazeiro da Bahia, por conta da seca, o leitor Ítalo Oliveira escreveu o artigo abaixo ressaltando que faltam ações das autoridades públicas para combater os efeitos da estiagem.

Ele também justifica que o momento, ao invés de se discutir novos modelos de Carnaval, deveria ser de envidar esforços de todos no sentido de minimizar o sofrimento das famílias atingidas pela seca.

Confiram:

secaEstive passando a virada do ano no interior da cidade de Juazeiro – BA e pude constatar que a seca que atinge o Nordeste, que é considerada a pior dos últimos 30 anos, deixou a localidade de Tanque Novo dos Gomes, distrito de Pinhões, localizado a 72 km da sede, em calamidade pública. O local contém 87 famílias que estão passando por um dos momentos mais difíceis de suas vidas. O pequeno agricultor está sem alternativas para as sobrevivências de seus animais e plantações.

Desde o início da estiagem, os agricultores vêm improvisando maneiras para continuar com seus rebanhos. Porém, diariamente os cultivadores têm seus animais mortos por falta d’água e/ou alimentos. Muitos estão se desfazendo de suas criações por não ter condições de mantê-los nesse período. Um saco de ração de caroço de algodão ou milho é comercializado pelo valor de 57 reais. Um bode que pese 10 kg é comercializado por média de 80 reais, ou seja, pouco mais que um saco de milho equivale a um caprino.

A seca teve início com a redução do volume das águas em poços e culminou na seca total das barragens, coisa que nunca aconteceu nos 17 anos de funcionamento desses reservatórios. Não há um único reservatório que contenha água na localidade. Os chafarizes presentes não contêm torneiras e os que têm torneira, não tem água. O único poço artesiano presente, movido a cata-vento, tornou-se uma opção, porém só há água se houver vento, o que não ocorre com frequência.

As cisternas para consumos dos moradores são abastecidas através de carros-pipa pelo Exército, na totalidade de 28 carros no período de 60 dias, o que não é suficiente para o abastecimento de toda a população, que possui o total de 67 cisternas, deixando apenas a alternativa da compra do carro de água, que custa em média de 150 a 200 reais.

A palma, que é tida com uma planta que aguenta a seca, está se desfalecendo perante o calor e falta d’água. As faveleiras estão praticamente se extinguindo. É de entristecer o coração ver o animal passando sede e fome sem o dono não poder fazer nada. Ver o sertanejo abrindo poços com as suas próprias mãos, em uma última alternativa para não perder seu rebanho, é a prova da força dessa comunidade, ao mesmo tempo em que se revelam os descasos dos governantes para com esses povos.

As ações do governo não estão chegando à comunidade. Se não houver um intermédio urgente dos poderes públicos (municipal, estadual e/ou federal) muitas pessoas perderão o pouco que ainda lhe restam. Alguns moradores já estão desestimulados, e sem ter mais como sobreviver, estão indo morar em cidades grandes.

A comunidade pede para não ser esquecida. Enquanto se discutem o formato do Carnaval e as atrações da prefeitura, existem povos, como essa comunidade, que não deve ser uma exceção, que estão passando por essa calamidade. O programa “Água para Todos” do Governo Federal não se faz presente na localidade e ações como perfuração, instalação e conserto de poços, limpeza de aguadas, construção de pequenas barragens e principalmente o sistema simplificado de abastecimento de água não são realidades no referido distrito. Em pleno, recém-completado centenário do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, suas letras mostram-se atuais na vida dessas pessoas. As vozes da Seca estão pedindo para serem ouvidas e não apenas reproduzidas em períodos eleitoreiros. O povo espera que os governantes olhem e ajam de modo que amenizem, de forma efetiva, os problemas dessa e de outras comunidades que passam por esse mesmo problema.

Ítalo Oliveira/Leitor

Leitor cobra esforço coletivo do poder público para minimizar efeitos da seca no interior de Juazeiro

  1. Robson disse:

    E o governo de Juazeiro ta preocupado com a seca? Com seus agricultores?? Acorda povo!! Tudo morrendo se sede e fome e vcs ja festejando um dos maiores carnavais do interior!!! Cade os protestos ?? Me digam o porque de gastar tanto dinheiro com festa em épocas tão dificeis??

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