Número de assassinatos de mulheres em Pernambuco preocupa: “É como se houvesse banalização”, diz especialista

por Carlos Britto // 11 de fevereiro de 2020 às 08:20

O segundo mês do ano mal começou e uma constatação tem preocupado muitos especialistas e profissionais que atuam na proteção e no acolhimento das vítimas de violência doméstica. Embora os números oficiais da Secretaria de Defesa Social (SDS) ainda não tenham sido divulgados, eles consideram que 2020 tem sido um ano violento para as mulheres, em Pernambuco.

No último sábado (8), uma mulher foi assassinada a golpes de faca dentro de uma residência no Bairro Vila Vitória, zona norte de Petrolina. Quatro dias antes, o Blog havia noticiado a tentativa de feminicídio contra uma moradora de rua, próximo ao Terminal Rodoviário da cidade. Enquanto no dia 28 de janeiro, outra mulher sofrera vários disparos de tiro, em Araripina (PE), Sertão do Araripe. Todos os crimes com diferença de poucos dias.

Assim como elas, outras mulheres perderam a vida entre janeiro e fevereiro, vítimas de namorados, maridos ou ex-companheiros. No dia 12 de janeiro, uma jovem de 22 anos teve 70% do corpo queimado pelo ex-marido em Itaquitinga (PE), na Zona da Mata; e cinco dias depois, duas jovens, de 18 e 20 anos, foram mortas a tiros em Escada, na mesma região. Em Candeias, outra mulher teve a via interrompida no dia 22 de janeiro após levar 55 facadas. Uma camisa ensanguentada foi encontrada ao lado do corpo.

O número de mulheres assassinadas dia após dia em todo o Estado assusta quem atua diretamente com as vítimas de violência. “Estamos muito preocupados. É como se houvesse uma banalização e isso está vindo de forma mais acelerada desde o mês de janeiro. Estamos assim agora neste período de prévias e tememos o que vai acontecer no período de pico do Carnaval”, alerta a vice-presidente do Instituto Maria da Penha, Regina Célia Barbosa, em entrevista ao portal JC online. “Existe um silêncio que perdura pelo medo. A vítima de violência não denuncia porque não há celeridade para outras mulheres. Ela não acredita na denúncia, não acredita na medida protetiva. Precisamos que haja mais eficiência no Estado para que a vítima possa descansar quando denunciar”, finaliza.

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