MPBA solicita à Justiça que Cadeia Municipal de Curaçá seja interditada e presos transferidos

por Carlos Britto // 18 de dezembro de 2020 às 12:29

(Foto: Ilustrativa)

O Ministério Público da Bahia (MPBA) solicitou à Justiça, em ação civil pública na quarta-feira (16), por meio do promotor de Justiça Márcio Henrique de Oliveira, que determine ao Estado a interdição da carceragem da Delegacia de Polícia do município de Curaçá, na região Norte. Foi solicitada também a transferência de todos os presos para unidades prisionais próximas, como o Conjunto Penal de Juazeiro (CPJ). O promotor pediu ainda que a Justiça proíba, em decisão liminar, o recebimento de qualquer preso ou adolescente apreendido na unidade policial, excetuando-se as detenções pelo prazo máximo de 24 horas para transferência. De forma definitiva, o MPBA propôs a interdição da cadeia e que a carceragem seja convertida em espaço de administração judiciária.

Segundo a ação civil pública, a Delegacia de Curaçá custodia presos na sua carceragem historicamente, de forma permanente e, portanto ilegal, devido à total ausência de unidades prisionais no município e proximidades. “A região norte não possui alguns dos estabelecimentos penais previstos na Lei de Execuções Penais (a exemplo de colônia agrícola, casa de albergado, hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, ou cadeia pública), o que revela uma absurda omissão do Estado da Bahia na implementação de uma política pública de administração penitenciária e de execução penal, intrínseca à questão da segurança pública e aos direitos fundamentais do preso”, afirmou o promotor.

Ele apontou também que, desde pelo menos 2012, há registros oficiais sobre as condições precárias da carceragem, com histórico de superlotação e fugas de presos. Sendo a única unidade carcerária da comarca, a cadeia já teria abrigado 14 presos, estando atualmente com dez, quatro acima da capacidade máxima de seis pessoas indicada em condições físicas satisfatórias.

Segundo a ação, a cadeia de Curaçá possui paredes de adobo, material utilizado por técnica ultrapassada que se deteriora rapidamente com o passar do tempo. Por isso, as paredes que já se encontram precárias são facilmente violadas, facilitando a empreitada dos detentos que tentam escapar, como se extrai dos reiterados ofícios informando as diversas fugas ocorridas incessantemente”, alertou. O promotor Márcio Henrique destacou ainda que laudo pericial indicou o risco de colapso total da estrutura de sustentação da carceragem, com possibilidade de desmoronamento, segundo laudos recentes realizados pelo Corpo de Bombeiros.

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