Júri Épico julga primeiro cangaceiro da história do Brasil

por Carlos Britto // 16 de novembro de 2022 às 21:35

Foto: Reprodução

Músicas, palestras e apresentações culturais nordestinas marcaram a terceira edição do Júri Épico (@júriepico) – evento acadêmico e jurídico do Vale do São Francisco, que neste ano aconteceu nos últimos dias 11 e 12. Em cada edição, o julgamento fictício traz personagens regionais. Os réus como João Grilo, famoso personagem de Ariano Suassuna, e o emblemático e também cangaceiro, Lampião, já foram julgados.

Este ano, o réu escolhido foi José Gomes de Britto, popularmente conhecido por Cabeleira, considerado o primeiro Cangaceiro foi registrado na história a partir da produção de Cordéis, já que no século XVIII não existia imprensa no Brasil. O protagonista se tornou o romance regionalista do século XIX, de autoria do autor cearense Franklin Távora. Cabeleira ganhou fama de bandido cruel e temido na região de Pernambuco.

O Júri Épico é um projeto acadêmico coordenado pelo professor da UniFTC, Anderson Araújo, que também é advogado. O projeto contou com apoio dos alunos do curso de direito de algumas instituições de ensino superior, juntamente com a Escola Superior da Advocacia de Pernambuco (ESA/PE) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/Petrolina).

Para o diretor artístico Thom Galiano, que participou também da primeira edição do projeto, neste ano o grande desafio foi apresentar e aproximar o público de uma personagem que estava distante do imaginário mítico do próprio nordeste, “Nós tivemos que criar ou recriar as personagens aproximando as temáticas da contemporaneidade, porque não havia muitas produções, então o maior desafio foi criar alguns personagens”, declarou.

Importância

Para o historiador e pesquisador da obra “Cabeleira”, Robério Santos, discutir esta produção é importante, porque traz questões do mundo jurídico e seus aspectos sociais, como o Cangaço e sua relação com o Estado, revelando as leis, as punições, a justiça e as injustiças. O Júri discute ainda os conflitos que envolvem a temática como o banditismo, as prisões e os julgamentos dos personagens.

O pesquisador disse ainda que foi muito significativo ver os juristas citando sua obra. “Eu fiquei tão feliz que não tenho como descrever, porque passei grande parte da minha vida pesquisando este personagem que era praticamente desconhecido da história, e agora vemos em carne e osso na minha frente, através da atuação de todos os atores e personagens. É algo inexplicável e incrível”.

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