Jovem morre afogado em Juazeiro e amigo diz que funcionário de empresa locadora obrigou vítima a abandonar caiaque e nadar

por Carlos Britto // 08 de setembro de 2018 às 06:50

Diogo Lira morreu afogado. (Foto: Reprodução WhatsApp)

Um jovem de 16 anos morreu afogado em Juazeiro (BA), após supostamente ter sido obrigado por um homem a abandonar o caiaque em que estava, no meio do Rio São Francisco, e a seguir viagem nadando. A denúncia foi feita por um amigo da vítima que estava na embarcação com o jovem e outras duas pessoas.

A vítima, Diogo Lira Ferreira, retornava da Ilha do Fogo para a Orla de Juazeiro com um primo e dois amigos no caiaque quando, no meio do trajeto, a embarcação, que tem capacidade somente para duas pessoas, teria virado duas vezes.

O amigo de Diogo contou que todos conseguiram retornar para o caiaque, mas, em seguida, o homem – que seria funcionário da empresa Caiaques do Vale – que alugou a embarcação para os jovens, ao ver que o caiaque tinha virado, teria utilizado outra embarcação para alcançar os jovens e, irritado com o excesso de passageiros, obrigado dois deles a descer – ele e Diogo.

Eu e ele estavamos com colete, e os outros dois não estavam [com colete]. Fomos atravessar o rio e o caiaque virou duas vezes. O cara mandou o funcionário dele. E o cara chegou lá com raiva e disse: ‘tira o colete, deixe o caiaque e vão nadando‘”, contou o amigo de Diogo, que conseguiu nadar até a costa.

O corpo de Diogo foi achado minutos depois por um salva-vidas. Jhone Bernardino, primo da vítima, contou que outras testemunhas também reforçaram a versão do amigo de Diogo de que ele foi obrigado a sair da embarcação sem colete.

“Muita gente viu, testemunhas viram: tiraram os coletes deles e colocaram eles para nadar. Então meu primo, infelizmente, no meio dos outros, não conseguiu chegar e faleceu. O que eu quero é justiça, muita justiça“, afirmou.

Família

Os familiares de Diogo ficara bastante abalados ao saber do ocorrido. “Ele tinha tantos sonhos, tantos sonhos ele ia realizar. Por que fizeram isso?“, lamentou a mãe. “O que eu quero falar é que a gente quer justiça, porque ele era um menino muito bom. Do estudo para a casa. E ele não merecia”, destacou Flávia Bernardino, tia de Diogo. O corpo do jovem foi encaminhado para o Departamento de Polícia Técnica (DPT) de Juazeiro. Não há informações sobre data e local de velório e sepultamento.

O caso será investigado pela Polícia Civil (PC) do município. Testemunhas do afogamento e representantes da empresa Caiaque do Vale foram ouvidas na delegacia.

Resposta

A empresa informou, por meio de nota, que diante do alerta do excesso de pessoas no caiaque, dois dos jovens resolveram terminar a viagem nadando, mas um não teve resistência e se afogou. A empresa ainda disse que lamenta o ocorrido e que se solidariza com a família da vítima.

Confiram nota da empresa na íntegra:

A Caiaques do Vale lamenta o ocorrido, ao tempo em que se solidariza com a família da vítima do acidente ocorrido na manhã desta sexta-feira (7) no Rio São Francisco. Lembramos ainda que todas as orientações sobre o uso correto dos caiaques alugados em nosso estabelecimento são passadas para todos os usuários, bem como os equipamentos de segurança obrigatórios.

O caiaque alugado tinha capacidade para duas pessoas, mas ao retornarem da Ilha do Fogo, os dois tripulantes ofereceram carona a mais duas pessoas, e diante do alerta sobre o excesso de pessoas na embarcação, dois deles resolveram terminar o trajeto nadando, sendo que não um não teve resistência e veio a se afogar. Mais uma vez lamentamos o ocorrido e nos colocamos à disposição para qualquer esclarecimento.

Caiaques do Vale

(Fonte: G1-BA)

Jovem morre afogado em Juazeiro e amigo diz que funcionário de empresa locadora obrigou vítima a abandonar caiaque e nadar

  1. Marcos disse:

    E é permitido o aluguel para menores de idade?

  2. Paulo disse:

    A questão é, se ele não sabia nadar pq se arriscou atravessar o rio numa embarcação que só suporta uma pessoa? Eu mesmo não sei nadar, e eu nunca atravessaria o rio nem só e nem acompanhado nunca. E outra questão é, se eu estivesse no caiaque com outra pessoa e o dono me mandasse pular, jamais eu pularia, deixava chegar na margem depois a gente conversava.

    1. Dreda disse:

      Amigo, a maioria das pessoas que morrem no rio sabem nadar. Saber nadar é uma coisa. Vencer a correnteza do Velho Chico é outra, para poucos. Toda semana morre gente ali. Enquanto eu escrevo, o blog publica a notícia de que acharam mais um corpo de jovem no Rio, supostamente afogado.

    2. Georllan disse:

      Falando parece fácil. Um garoto de 15 anos e outro adulto!

  3. Dreda disse:

    Minha nossa, que absurdo! Tanto a empresa quanto a pessoa que obrigou os garotos a descer do caiaque devem ser responsabilizados criminalmente. Uma vida que foi tirada a toa. Até concordo que o cara deveria tê-los multado por uso irregular do caiaque. Para preservar o caiaque, podia até ter tido o bom senso de mandar dois descerem com colete salva-vidas e irem segurando no caiaque até a borda, e ali ter aplicado alguma multa, sanção, ou algo do tipo, depois que todos estivessem em segurança. Aquele ponto do rio é muito perigoso, todos sabem disso, e toda hora alguém morre afogado ali. Acho que semana passada teve outra jovem na mesma localização. E as empresas de caiaque sabem desse risco melhor do que ninguém, para estar mandando as pessoas descerem e nadar por conta própria. Têm que ser responsabilizados criminalmente sim!

  4. gomes disse:

    QUANTA FALTA AMOR AO PRÓXIMO, CAIAQUE DO VALE!

    Se são treinados e orientados para informar sobre o excesso de passageiro, e por que não salvar a vida do adolescente ou das pessoas que utilizam os equipamentos? Quanto ódio falta de amor de sensibilidade e respeito pela vida do outro. Se realmente é o que foi mostrado a empresa negou socorro foram negligentes poderia ter evitado, e fora do rio resolveria isso. É revoltante vê isso, fica alerta para quem utiliza os caiaque. Você pode morrer no meio do rio sendo observado pelo funcionário orientados da empresa.

  5. Sem Comentários disse:

    Isso foi praticamente um assassinato.
    Falta de Deus e de amor ao próximo.
    Nada justifica.
    Eles não perderiam nada se tivesse deixado eles voltarem, mesmo que nadando, com os coletes.
    Talvez se livrem da justiça humana, mas a de Deus, jamais.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Últimos Comentários