Ex-presidente de clube que revelou Dani Alves vira jornalista e vai à coletiva do lateral na seleção

por Carlos Britto // 17 de junho de 2019 às 11:04

Daniel Alves e Carlos Humberto. (Foto: Agência CH)

Na primeira fileira de cadeiras da coletiva da seleção brasileira no domingo (16), em Salvador (BA), um rosto familiar para Daniel Alves aguardava a chegada do jogador para a conversa com os jornalistas. A função executada não era mais aquela dos tempos em que o Daniel era um garoto do sub-20, sonhando em ir longe no futebol. O homem, que assinou a venda do lateral-direito do Juazeiro para o Bahia, agora usa credencial de imprensa e câmera fotográfica. Um cenário que o próprio Carlos Humberto de Sousa não imaginava para a vida dele.

Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Federal da Bahia, Carlos Humberto foi presidente do Juazeiro Social Clube entre 1995 e 2002. Foi nesse período no interior que Daniel Alves despontou no clube e chamou a atenção do tricolor de Salvador. Atualmente com 66 anos, ele se formou em Jornalismo aos 60, alcançando um sonho de infância que ficou reprimido por anos.

Meu pai dizia que era coisa de vagabundo“, contou o jornalista.

Uma história peculiar une Daniel e Carlos. O jogador já estava em um ônibus, a caminho da capital, para fechar com o Bahia quando assinou o primeiro contrato profissional com o Juazeiro. Se o documento, firmado de última hora, não existisse, haveria problemas burocráticos.

Foram contratar outro jogador e eu vim no pacote. Foi uma história engraçada. Eu não tinha contrato em Juazeiro, fui assinar no ônibus, porque senão não teria ajuda de custo no Bahia. Assinei no caminho para a federação para poder ganhar os R$ 60. Pode não parecer muito, mas ajudou muito a minha família. Esse tipo de história é inspiradora, ensina a não deixar de acreditar“, disse Daniel Alves.

Custo

Carlos Humberto conta que quem alertou o Bahia sobre Daniel Alves foi o técnico de Juazeiro à época, Zé Carlos Queiroz, que também era funcionário do time da capital. A indicação foi certeira, e a transferência custou R$ 10 mil. Desse montante, 15% ficaram com o jogador e sua família.

Foi o primeiro dinheiro que o futebol trouxe para família do Daniel“, cita o ex-presidente.

Longe da vida de dirigente e credenciado para a Copa América, Carlos Humberto já cobriu Copa das Confederações e a Copa do Mundo, todas em território brasileiro. O profissional da imprensa foi notado por Daniel durante a coletiva.

É um grande de Juazeiro. Antes era o contrário. Ele estava palestrando e sendo entrevistado. Agora, os papéis mudaram. É uma pessoa que eu respeito muito. Todas as pessoas que fizeram com que o futebol juazeirense crescesse de alguma coisa eu sou muito grato. Geram oportunidades e através do futebol, pessoas como o Carlos abrem um horizonte de possibilidades“, disse o lateral-direito da seleção.

Família

A relação com a família do jogador ainda permanece. Não é incomum ver o pai de Daniel Alves jogando dominó na porta do estádio em Juazeiro, mesmo na fase abastada, com o filho ganhando dinheiro mundo a fora.

Numa tentativa de apelar ao lado sentimental de Daniel, Carlos fez a última pergunta da coletiva deste domingo. Um pedido que vai ser difícil de ser atendido: a volta do lateral, ainda que seja por um curto momento, ao clube que o revelou.

Isso aí é chão para mim, hein. Mas nunca digo nunca. Você nunca sabe com o que se depara na vida“, respondeu o capitão da seleção brasileira, atualmente com 36 anos. (Fonte: O Globo)

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