Em Sento-Sé, carretas de mineradora atolam e prejudicam deslocamento de comunidades

por Carlos Britto // 24 de março de 2023 às 07:43

Foto: reprodução

Na noite da última quarta-feira (22), as comunidades localizadas na Borda do Lago de Sobradinho, em Sento Sé, norte da Bahia, foram surpreendidas com um grande engarrafamento na estrada de acesso à sede do município. Em meio à chuva que caía, os trabalhadores e trabalhadoras ficaram sem poder chegar em casa porque duas carretas que transportavam minério da Tombador Iron Mineração ficaram atoladas em um trecho da BA-210, na entrada das comunidades Aldeia, Pascoal e Limoeiro.

Até a manhã de ontem (23), os moradores dessas comunidades não conseguiam passar pela estrada. Com as chuvas que caíram na região nos últimos dias, os impactos das carretas que transportam o minério de ferro foram intensificados. Com os enormes buracos, além de muita lama, até mesmo os veículos de grande porte ficaram impossibilitados de trafegar.

Em vídeos divulgados nas redes sociais, moradores expressaram sua indignação. “Tô parado aqui, não posso nem chegar em casa”, desabafou um deles. “Sete e meia da noite, chovendo, a estrada interditada com carreta e ônibus da firma. Enquanto a estrada não sair, vai ser esse caos aqui direto“, afirmou outro. “Cadê o asfalto, prefeita e governador da Bahia?“, completou mais um morador.

No final de janeiro deste ano, as comunidades tradicionais ribeirinhas de Sento Sé ficaram 12 dias mobilizadas em protesto contra os impactos da Tombador Iron Mineração e reivindicando o asfaltamento de cerca de 100 km da BA-210. O protesto foi encerrado devido a uma decisão judicial que favoreceu a mineradora e, até hoje, após mais de um mês, as comunidades continuam sem respostas às suas solicitações.

Diocese

No último sábado (18), o bispo da Diocese de Juazeiro (BA), Dom Beto Breis, acompanhado de agentes pastorais e pesquisadores, visitou as comunidades de Aldeia, Pascoal, Limoeiro e Tombador. Após ouvir o clamor do povo, Dom Beto divulgou um documento em apoio às comunidades, chamando atenção para os empreendimentos que, em nome do “desenvolvimento”, não respeitam a vida humana. Na carta, o bispo também destacou a situação da estrada em períodos de chuva, com fotos tiradas no dia da sua visita.

De acordo com a população local, o tráfego de veículos pequenos já está liberado, apesar das duas carretas ainda continuarem atoladas. No entanto, os moradores e moradoras denunciam que rejeitos da produção da Tombador Iron foram utilizados para aterrar trechos da estrada. Com a palavra algum representante da empresa, caso deseje se pronunciar sobre o assunto.

Em Sento-Sé, carretas de mineradora atolam e prejudicam deslocamento de comunidades

  1. No último dia 22, a triste realidade das comunidades da Borda do Lago de Sobradinho foi novamente exposta. Uma chuva forte atrapalhou a jornada de trabalho dos moradores locais, que viram seus planos frustrados por conta de duas carretas de minério atoladas na BA-210.

    Esse incidente reflete a falta de planejamento e a negligência por parte da empresa responsável pela exploração do minério, que não quis investir na infraestrutura da estrada para evitar esse tipo de situação. É preciso também lembrar que as comunidade já sofrem com o desmatamento na região, o que contribui para o alto nível de poeira e o empobrecimento da biodiversidade local.

    É necessário que se faça justiça às comunidades da região de Sobradinho. As autoridades devem exigir que a empresa responsável se responsabilize, além de garantir que as condições de trabalho e de vida desses trabalhadores e trabalhadoras sejam preservadas. Só assim é possível que a justiça social prevaleça na região.

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