Corte de 20 mil na produção de frutas no Nordeste

por Carlos Britto // 03 de fevereiro de 2009 às 13:10

Os importadores europeus e norte-americanos que financiavam a produção de frutas do Vale do São Francisco, por meio de adiantamentos de até R$ 300 milhões anuais em compras antecipadas, suspenderam as operações neste ano devido à crise mundial. Descapitalizados, os fruticultores nordestinos já demitiram cerca de 20 mil pessoas e preveem uma queda de pelo menos 30% na safra 2009.

O vale é responsável por 42% das exportações de frutas do país, um negócio que movimenta US$ 800 milhões por ano. A atividade emprega 240 mil pessoas na região de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) e ocupa 120 mil hectares de terras irrigadas pelo rio São Francisco.

“A situação é bastante complicada”, disse o diretor-executivo da Cooperativa Agrícola Juazeiro, Avoni Pereira dos Santos, 50. “Os compradores não estão antecipando as compras, e os preços dos produtos caíram até 70% em mercados como os Estados Unidos.”

De acordo com ele, a cultura mais afetada foi a da uva, produzida por 2.200 fruticultores da região. Com a crise, o preço da caixa de 4,5 kg de uva caiu de US$ 38 para US$ 14 nos EUA. Santos estima que o prejuízo dos produtores de uva chegou a US$ 110 milhões em 2008.

O Vale do São Francisco produz 97% das uvas exportadas pelo país e 95% das mangas vendidas ao exterior. “De um lugar próspero, esse lugar passou a ser um pesadelo.”

Na empresa Logus Butiá, produtora e exportadora de uvas em Petrolina (a 790 km de Recife), quase todos os empregados foram demitidos. Dos 300 funcionários, restaram 50. Segundo Cesar Cotrim, diretor da empresa, em períodos normais de entressafra (novembro a janeiro), apenas 50 pessoas seriam demitidas. O restante seria utilizado na preparação dos pomares.

“O problema é que estamos absolutamente descapitalizados”, disse Cotrim. “O preço líquido do nosso produto exportado caiu de US$ 21 em 2007 para US$ 7 em 2008, por caixa”, afirmou. “Isso representa um grande desastre”, declarou. “Empatamos com o custo operacional, mas não temos como pagar os compromissos.”

Cotrim espera produzir neste ano apenas um terço das 2.500 toneladas de uva colhidas no ano passado. “Não há dinheiro para trabalhar a fazenda inteira”, afirmou.

Na opinião do vice-presidente da Valexport (Associação dos Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco), Aristeu Chaves, a saída para a crise na fruticultura não passa apenas pela concessão de novas linhas de crédito e renegociação dos débitos antigos.

Empresários e produtores da região se reúnem hoje, em Petrolina, com o governador Eduardo Campos e representantes de bancos estatais para discutir os problemas e a aplicação de uma nova linha de crédito, de R$ 200 milhões.

Fonte: Gazeta Mercantil

Corte de 20 mil na produção de frutas no Nordeste

  1. Opara disse:

    Lula não está nem aí para o Vale do São Francisco… a autonomia da população do Vale prejudica as intenções do governo de manter o voto de um povo pelo bolsa-esmola.

  2. Watergate disse:

    Aleluia!
    Esse ano deixaremos de comer refugo !

  3. Binleide Obama disse:

    Agora entendi: Chupa que é de UVA…

  4. Socrates Augustus disse:

    O dinheiro das exportações financiaram muitas coisas fora de Petrolina, os produtores sempre tiveram lucro, lucro. Os trabalhadores são os primeiros a serem demitidos. Não acredito que essas empresas não tenham se capitalizado todos esses anos.

    Aqui fica o alerta, o Vale não é só feito de Uva e Manga. Alguém já ouviu falar da Acerola, do Kiwi e de outras culturas, vamos diversificar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Últimos Comentários

  1. So os nutela chama o periodo de 64 de ditadura! Ditadura ta hoje, e pior, ditadura do judiciario, a pior…