Comissão Pastoral da Terra de Juazeiro repudia ação de retirada de assentados em perímetros irrigados da região

por Carlos Britto // 26 de novembro de 2019 às 08:00

Foto: Ascom CPT/divulgação

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Juazeiro (BA) lamentou a situação das quase 700 famílias de assentados que tiveram de deixar as áreas ocupadas nos Perímetros de Irrigação do Salitre e também no Senador Nilo Coelho, numa parte localizada em Casa Nova. Ao contrário do que informou a Polícia Federal (PF), a CPT disse que o mandado de reintegração de posse em favor da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) não ocorreu de maneira pacífica.

Segundo a Pastoral, houve bombas de gás, spray de pimenta, casas destruídas e trabalhadores feridos nos acampamentos Abril Vermelho (Salitre) e Irmã Dorothy e Iranir de Souza, no Senador Nilo Coelho, em Casa Nova (BA).

Em Juazeiro, os assentados ligados ao Movimento dos Sem Terra (MST) ocupavam a área desde 2012. No local, há uma produção diversificada da agricultura familiar. “Aqui sustentava pra mais de duas mil pessoas, o projeto é grande, tem banana, coco, tem todo tipo de fruta. A gente alimentava o Ceasa, e o que a gente faz aqui dentro alimentava também a mesa de quem tá fazendo isso aí [destruindo o acampamento]“, desabafa o acampado Francisco Nascimento.

De acordo com as famílias, o despejo começou por volta das 5h. “Começaram a soltar a bomba de gás, muita criança desmaiou, velhos também desmaiaram, um companheiro foi atingido na cabeça e foi para o hospital”, relatou Francisco. “Isso é muita crueldade, os alunos, os sem terrinhas, as crianças aqui do acampamento [Abril Vermelho], algumas ainda dormindo, acordaram sem ar por conta da fumaça, que foi muito grande”, comenta a professora e liderança do MST Socorro Varela. O clima nos acampamentos é de muita tristeza, horror e destruição. “A gente está triste, com o coração abatido, com o coração triste mesmo, vontade de chorar. Não temos lugar pra ir, estamos na mão de Deus“, diz um dos despejados.

Foto: Ascom CPT/divulgação

Repúdio

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) reiterou seu repúdio à decisão judicial que determinou a reintegração de posse dos acampamentos Abril Vermelho, Irmã Dorothy e Iranir de Souza, e manifesta solidariedade aos trabalhadores/as atingidos pelos despejos.

Comissão Pastoral da Terra de Juazeiro repudia ação de retirada de assentados em perímetros irrigados da região

  1. Roberto disse:

    Triste a situação, mas a CPT junto com a DIOCESE podem doar parte das glebas que possui em Juazeiro para os que os desabrigados possam construir suas residências.

  2. Mislene Correia disse:

    invasores é sinônimo de arruaceiros e destruidores da nação. Se alguém oferece um palmo de terra particular pra eles produzirem, não querem. Gostam mesmo é de desafiar o poder publuco. Gostam de enfrentamento.

  3. FABRICIO disse:

    Na minha opinião, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Juazeiro (BA) junto com a DIOCESE, deveriam doar uma parte das terras que possuem para essas pessoas, ou quem sabe até disponibilizar financeiramente boa parte dos valores que recebem referente aos imóveis que são alugados para outras pessoas e empresas, e “olha que não são poucos”.

  4. Ronaldo Moreira disse:

    Um pouco de bom senso, tinha pessoas já produzindo.

    É necessário analisar o impacto social que isto pode provocar.

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