Caso Beatriz: Advogado do Colégio garante que funcionários suspeitos não trabalham mais na instituição e fala em “transferência de responsabilidade da polícia”

por Carlos Britto // 30 de março de 2016 às 18:02

Após o delegado Marceone Ferreira, responsável pelas investigações do caso da menina Beatriz Angélica Mota, de sete anos, assassinada nas dependências do Colégio Auxiliadora, em Petrolina, em dezembro passado, afirmar que cinco funcionários da citada escola são investigados por envolvimento no crime, o advogado da instituição de ensino, Clailson Ribeiro, concedeu entrevista a este Blog na tarde de hoje (30) e garantiu que os “personagens” citados pelo delegado não trabalham mais no colégio. Clailson ainda taxou a atitude de Marceone, que não revelou a identidade dos funcionários, como “precipitada”.

Inicialmente, essa informação nos causou um pouco de espanto, já que o inquérito estaria tramitando em sigilo. Sem apontar nomes, ele indica que teriam cinco personagens, como assim ele denomina, descrevendo algumas condutas desses personagens e que esses personagens são do colégio. Na medida em que o delegado, beirando a irresponsabilidade, passa uma afirmação desta, ele coloca em xeque não só cinco funcionários, mas todos os funcionários do colégio, já que ele não cita nomes, não apresenta nada”, disse o advogado.

De acordo com Clailson, não apenas cinco funcionários deram depoimentos divergentes, mas sete. “Quando nós identificamos as condutas que ele apontou para cada um desses personagens, o que nós podemos afirmar é que nenhum desses funcionários se encontram mais nos quadros do colégio. Nós acompanhamos os depoimentos e notamos que haviam divergências nos depoimentos de alguns funcionários nossos, e, preventivamente, nós iniciamos o desligamento desses funcionários. Nós identificamos não cinco, mas sete pessoas com divergências de informações. Não necessariamente que essas divergências colocam essas pessoas como autores do crime, mas, pelo fato de apresentarem depoimentos que eram divergentes, de uma certa forma quebrou um pouco a confiança do colégio”, afirmou.

O advogado Clailson Ribeiro foi a fundo e disse que, uma vez que a investigação segue em sigilo, o delegado não teria motivos para divulgar que funcionários do colégio estão sendo investigados por suposto envolvimento no crime. Ele ainda disse que a atitude de Marceone foi apressada. “Nós não estamos defendendo ninguém, não temos procuração para isso. Mas parece que a policia também não tem nenhum tipo de elemento substancial a ponto de pedir a prisão de algum suspeito. Achamos que a atitude do delegado, nesse ponto, foi realmente precipitada.

Clailson Ribeiro ainda falou sobre a questão das três chaves que desapareceram em novembro passado e que, segundo o delegado Marceone, o registro do desparecimento foi feito num livreto do colégio. O advogado garantiu que as três chaves que sumiram eram de portões que ficam dentro do colégio, sendo assim quem estivesse de fora não teria como entrar. “Com essas chaves, ninguém que está fora do colégio consegue entrar“, informou. Ele também disse que isso já tinha ocorrido outras vezes e que a escola providenciou as cópias dessas chaves. Clailson, no entanto, não soube informar se as pessoas que assinaram o livreto atestando o desaparecimento das chaves são as pessoas investigadas. Ele também disse que a polícia “exagerou” ao informar que teriam cerca de 2 mil pessoas na festa de formatura. Segundo Clailson, cerca de 1.400 pessoas estavam no evento.

“Transferência de responsabilidade”

Ao comentar sobre a demora no andamento das investigações, Clailson afirmou que, devido à falta de êxito na elucidação do crime, notou uma tentativa de transferência de responsabilidade. “Notamos que há uma certa tentativa de transferência, de responsabilidade, pela falta de êxito nas investigações, ao colégio, que nós repudiamos veementemente esse tipo de situação. A polícia tem que ser responsável e dar o resultado para a população, sim, pelos meios próprios, porque ela é a condutora das investigações. E não atribuir a responsabilidade porque o colégio não tinha iluminação, que a câmera não pegou no local adequado…enfim, esse tipo de coisa a gente não pode aceitar, como transferência de responsabilidade, para que a polícia possa encontrar quem realmente cometeu esse crime”, disparou Clailson.

Sobre a “pressão” da sociedade, do colégio e da imprensa em relação à elucidação do crime, o advogado disse que o delegado está tendo tempo para isso, mas os resultados não estão aparecendo e estão surgindo novas dúvidas. Ele também disse que o colégio vai cobrar do governo do Estado para investir mais nas investigações e parar de “aterrorizar” a população com “afirmações generalizadas”.

O crime parece ter sido muito bem arquitetado, já que a polícia, passados quatro meses, ainda não chegou à sua autoria. Se não foi muito bem arquitetado, é porque deve está acontecendo uma falha muito grande nessa investigação. Nós vamos cobrar, de maneira mais veemente, do secretário de Segurança Pública de Pernambuco [Alessandro Carvalho] que, ao invés de se preocupar em ficar aterrorizando a população, dizendo que tem funcionários do colégio sem apontar nomes, fazendo afirmação de maneira genérica, a polícia deveria se preocupar mais em aprofundar as investigações e realmente chegar ao autor do crime. O delegado fala que o caso é muito complexo, que demanda tempo. O tempo ele está tendo, mas os resultados, aparentemente, quanto mais o tempo passa, percebemos que estão aparecendo mais dúvidas do que elucidações. Por exemplo, até o local do crime agora aparenta não ser mais o local onde a vítima foi encontrada. Segundo palavras do delegado, é quase certa que o crime não teria sido no local onde a vítima teria sido encontrada. Essa informação é bastante nova e a gente vê com bastante preocupação, porque, se não foi lá [no depósito de material esportivo desativado que o crime aconteceu], passados quatro meses, eu acho que a polícia não tem condições de, tecnicamente, descobrir onde foi”, finalizou.

A entrevista completa com o advogado Clailson Ribeiro você confere, em vídeo, amanhã (31).

Caso Beatriz: Advogado do Colégio garante que funcionários suspeitos não trabalham mais na instituição e fala em “transferência de responsabilidade da polícia”

  1. Ex-aluna disse:

    O colégio é o principal responsável pela morte da Beatriz sim. Um colégio com tradição, milhares de alunos, centenas de funcionários e um sistema de segurança falho, não vejo transferência de responsabilidade, apenas esclarecimentos que toda população esperava, infelizmente esclarecimentos vagos, mas que alerta a população pra algo muito maior envolvendo a morte de Beatriz.

    1. José disse:

      Vejo muitos comentários e afirmações movidos por paixões. Dizer que a escola não ajuda é precipitado. As investigações nunca encontraram óbice no colégio, se assim tivesse acontecido a polícia tinha se queixado a muito tempo. O que não aconteceu. Quanto às demissões, é um procedimento de segurança que a escola adotou, diga-se de passagem que qualquer outra instituição adotaria, pois ninguém iria querer pessoas de seu quadro ligadas à investigação. Acredito ainda, que o legado do caso beatriz deve ser a reestruturação da polícia, que há anos trabalha em condições precárias, e mesmo fazendo manifestações e greves por melhores condições e aparato para o trabalho, ainda convive com esta situação deplorável. Por fim, se tivesse ocorrido em qualquer outro lugar em condições parecidas, a polícia estaria diante da mesma celeuma, e a prova disso são os inúmeros casos que não foram solucionados até hoje.

  2. Simplício disse:

    Houve, sim, muita incompetência. O momento mais apropriado para elucidação passou. De agora em diante é só futricagem!

  3. GUILHERME VITOR disse:

    AGORA O CALDO ENGROSSOU!
    CHEGOU A HORA DA ONÇA BEBER ÁGUA!
    OU SEJA…
    SINTO ALGO MUITO FORTE QUE HOUVE AVANÇOS NAS INVESTIGAÇÕES EMBORA CONTESTADOS PELO ADVOGADO DO COLÉGIO.
    CONCLUSAO: A INÉRCIA, O SILENCIP…O MARASMO DE ANTES ABRE PERPECTIVAS!. HOJE NAO SE PARTE MAIS DO ZERO!!
    BOA SORTE PARA A POLICIA E QUE DEUS AJUDE PARA TUDO ISTO TER UM FINAL:

  4. Luciana disse:

    Concordo, a policia esta sendo inrresponsavel como fica agora a cabeça das crianças que estudam nessa escola e que não tem nada a ver com o crime

  5. Petrolinense disse:

    Também achei precipitado a divulgação. Também acho que a polícia está querendo transferir a culpa para o colégio. Mas é isso que diariamente se ver nas redes sociais. É moda ser contra a Igreja Católica, e quando o crime ocorreu no Auxiliadora, uma instituição quase secular, foi um prato cheio. Soma-se a isso o recalque que muitas pessoas na região tem de Petrolina, que é absolutamente às claras. Só posso lamentar!

    1. Petrolinense disse:

      precipitada (corrigindo)

    2. Maria J disse:

      1- Tem gente oportunista que aproveita para atacar o colégio Auxiliadora por ser catolica. Mas se vc for inteligente cobrara o colegio por aquilo que a compete.
      2 – Nao é pq é um colegio catolico que esteja isenta de criticas.
      3- Um colegio tem responsabilidade civil, e tem que fornecer segurança no seu estabelecimento.
      4- Um colegio tao grandioso como Auxiliadora se espera ao menos ter cameras espalhadas por todos os lugares.
      5- Embora cameras por si so nao evitem tragedias, ela coloca temor a quem vai praticar, e talvez o crime nao tivesse acontecido. De todo modo, mesmo que as cameras espalhadas nao evitem tragedias, ajudam a elucidar com mais rapidez, e elucidando mais rapidamente gera menos desgaste a imagem do colegio como vem sofrendo agora.
      6 – Sim, foi um ato falho do Auxiliadora nao dispor de mais cameras.
      7 – Não, a culpa não é do Auxiliadora. A culpa é de quem praticou o crime.

  6. Leilianne disse:

    Fica claro, que a escola já sabia os assassinos! revoltante isso!
    Mais revoltante é a forma que eles trataram o assunto, Nem se fosse um bicho, merecia esse tratamento!

    1. Crítica Construtiva disse:

      Que comentário mais sem noção. Se nem o delegado sabe, como o colégio vai saber?! melhore sua interpretação. O que se tem são suspeitos. Suspeitos por apresentarem divergências sobre determinados fatos. Talvez ficaram com medo de perder o emprego, por não conseguirem explicar o porquê de não estarem em seus devidos postos.

    2. santana disse:

      esta claro que vc não sabe nem a hora que esta com fome, o crime aconteceu na escola, os suspeitos estão sendo investigado, agora dizer que a diretoria da escola sabe quem é o assassino, aí já é demais.

  7. Luiz Ribeiro disse:

    As declarações reveladas a imprensa pela Polícia demonstraram claramente a falta de orientação nas investigações. Não se pode chegar a conclusões de um crime com base apenas em ilações. É preciso, isso sim, fatos e provas concretas, é necessário ter responsabilidade e cuidado nas afirmações. Neste momento é preciso mais razão e menos emoção.

    1. ana maria disse:

      verdade

    2. santana disse:

      É muita hipocrisia dessa sociedade ir para frente de um colégio com gritos de assassino, sem se preocupar com as crianças que lá estudam. Todo esse clamor é pq esse crime aconteceu no Auxiliadora, e se fosse em uma escola pública? A mãe do rapaz do Quati até hoje clama por justiça, sentindo a mesma dor dos pais de Beatriz, e ninguém clama por justiça, a policia sabe do autor do crime e não corre atrás do assassino, não coloca como procurado na mídia, sabemos que o disk denuncia do caso Beatriz foi atitude da escola, mas a policia podia se esforçar um pouquinho para prender o criminoso do quati.

  8. Iolanda disse:

    Gostaria de saber do Advogado do colégio, uma vez que ele cita ” O DELEGADO NÃO NOS REVELOU QUEM SÃO OS PERSONAGENS”, com qual propriedade ele afirma que esses “personagens” NÃO fazem mais parte do quadro de funcionários? Isso é contraditório… Se demitiu, é porque o colégio sabia quem eram os suspeitos, ou… demitiu aleatoriamente. Quem garante que eles não continuam lá trabalhando normalmente? Sou mãe de aluno e estou com muito medo.

  9. CARLOS disse:

    Pelo depoimento do delegado e os esclarecimentos do advogado,” parece-me” que a escola tinha de fato, conhecimento de supostos autores do crime e não se pronunciou para a justiça.
    Só agora que a coisas se parecem a esclarecer é que surge um advogado para defender a escola e comunicando que liberou do seu quadro funcional aqueles que a propiá instituição desconfiava.

    Vejam a comprovação do advogado em seu depoimento

    Nós acompanhamos os depoimentos e notamos que haviam divergências nos depoimentos de alguns funcionários nossos, e, preventivamente, nós iniciamos o desligamento desses funcionários.

  10. cristina disse:

    Dessa vez , sinceramente, senti confiança na polícia, que pela primeira vez trouxe elementos importantes para mostrar que o crime será elucidado. Se a Escola tem responsabilidade ou não agora pouco importa, pois ela irá ter que provar isso na justiça, pois, com certeza caberá uma ação de indenização ai…Como uma escola daquele porte não tem uma iluminação adequada num evento que ocorre todo ano? Cobrar dos pais eles sempre souberam e não é barato, pois além das mensalidades, só vivem cobrando extra dos pais, seja para projeto ou lanches… Sinceramente…

  11. trabi326 disse:

    calma pessoal , o primeiro passo ja foi dado agora veremos se e o advogado do colegio ou o delegado que tem razao, nao adianta discutir sobre isso..um dos dois estao errados.

  12. Regina disse:

    Concordo plenamente com vc Luiz Ribeiro o momento é de razão, temos que deixar a polícia trabalhar.

  13. MARIA DE FATIMA COSTA SILVA MIRANDA disse:

    Se eu não me engano no caso Nardone,usaram um spray contendo um líquido. ..luminol,acho quw era isso,que detectava sangue onde existiu…pq nao se usou no caso Beatriz? Ja que afirma se que ela morreu em outro lugar…É caro? A população contribui!

  14. Maria J disse:

    Vou ver se consigo tirar meu filho do Auxiliadora e colocar em outro colegio ja no 2 semestre!!

  15. Ana disse:

    A criança não foi achada morta na rua não.Foi encontrada assassinada dentro de uma instituição privada/particular, onde a mesma tem o dever de resguardar a vida daqueles que lá se encontravam. Se na escola trabalhava na ocasião assassinos ,a responsabilidade aumenta.A Escola deveria ser a primeira,aliás a segunda depois dos pais EXIGINDO e contribuindo para a elucidação deste bárbaro crime, lutar com todas as forças para que os assassinos, sejam descobertos e punidos. E não silenciar, pq foi lá que o crime ocorreu,e que tipo de dejetos humanos são estes contratados,e que se unem para matar uma inocente,que não pediu para morrer,que tinha uma vida pela frente, e pelo azar de dar de cara com uns mosntros asquerosos verminoses humanos para ceifar sua vida, e destruir uma família. A Polícia, fazendo seu trabalho fortemente, se dedicando,fazendo o que deve ser feito e ainda,quando se manifesta,e vai dar uma “satisfação” a sociedade” ,encontra críticas de quem era para apoiá-los….por que querem abrir este inquérito,para deixarem as testemunhas também nas mãos dos assassinos, motivo nenhum neste mundo se justificaria a morte…ouçam o depoimento e o apelo da mãe da Única VÍTIMA,que foi a Beatriz…DEIXEM A POLÍCIA TRABALHAR EM PAZ!!

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