Atracamento de barquinhas na orla de Petrolina e Juazeiro poderá ficar mais complicado devido à baixa do Lago de Sobradinho

por Carlos Britto // 31 de maio de 2015 às 09:22

descida das barquinhasJá é notória a dificuldade que as embarcações que fazem a travessia Juazeiro/Petrolina enfrentam diariamente na hora de atracar às margens do Rio São Francisco, nas duas cidades.

Devido ao baixo nível do Velho Chico, as barquinhas estão parando cada vez mais distantes, o que tem ocasionado transtornos aos passageiros, que muitas vezes sujam os pés ao descerem das embarcações.

Tanto em Juazeiro quanto em Petrolina, a água já recuou bastante da margem do rio desde o final de 2014. Em Petrolina, a situação é ainda pior por conta da poluição nas proximidades de onde as barquinhas atracam. As baronesas, retiradas há poucos meses, já estão reaparecendo, e esse problema também pode afetar a parada das embarcações.

De acordo com o Operador Nacional do Sistema (ONS), o Lago de Sobradinho, no norte da Bahia, que libera suas águas no Rio São Francisco, está com apenas 21,26% de sua capacidade.

Redução da vazão

Na última quinta-feira (28), a Agência Nacional das Águas (ANA) publicou, no Diário Oficial da União, uma resolução que prorroga até 30 de junho a redução da descarga mínima do reservatório de Sobradinho, de 1.300 para 1.100 metros cúbicos/segundo nos períodos de carga leve, entre a meia-noite e as 7h, durante a semana e o dia inteiro nos domingos e feriados. Vale ressaltar que a redução da vazão do lago para 900 metros cúbicos/segundo já estava sendo praticada, devido a uma autorização do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama).

A resolução amplia o prazo anterior (31 de maio) para redução da vazão mínima defluente. A operação com 1.000metros cúbicos/segundo nos períodos de carga leve está vigente desde 25 de março deste ano.

De acordo com as resoluções da ANA sobre o tema, a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), responsável por aplicar a redução temporária, está sujeita à fiscalização da Agência.

Barquinhas orla de petrolina

‘Volume morto’

A problemática quanto ao volume do Lago pode ser ainda maior, caso não chova na cabeceira do Rio. Segundo reportagem publicada no jornal O Estado de São Paulo, no último dia 17 de maio, o reservatório corre o risco de ter de usar o ‘volume morto’ para abastecer a população.

Em carta encaminhada ao Ibama, o ONS declarou que o volume de água que hoje passa pela barragem de Sobradinho tem de ser reduzido imediatamente. Caso contrário, a principal caixa d’água do Rio São Francisco verá seu volume útil chegar a zero até setembro.

Captação de água

Um dos assuntos que mais preocupam os ribeirinhos está relacionado à captação de água. O baixo nível do reservatório tem afetado algumas cidades da região, a exemplo de Sento Sé, Casa Nova e Remanso, ambas no norte do estado da Bahia, que estão com dificuldade na captação do líquido.

Esse problema tem afetado os produtores, principalmente, de pequenas propriedades do Vale do São Francisco. Os grandes produtores também temem demissões em massa por causa da crise hídrica.

perigo ilha do rodeadouroIlha do Rodeadouro

O principal destino turístico de Juazeiro, a Ilha do Rodeadouro também sofre com o baixo nível do Rio. Além de tudo, os cuidados devem ser redobrados, visto que nos arredores da Ilha muitas pedras estão à vista – e outras cobertas pelas águas – além de inúmeros bancos de areia. A navegação também está comprometida, sendo feitas as travessias com embarcações menores.

Os barraqueiros e ambulantes que trabalham no local também são prejudicados, pois o turismo está em baixa na região. No entanto, nos finais de semana, a Ilha do Rodeadouro ainda é o principal destino para milhares de pessoas que querem fugir do calorão e descansar a mente.

O Lago

Construído há 40 anos, o Lago de Sobradinho colocou debaixo d’água 4,2 mil quilômetros quadrados de área – equivalente à de seis capitais somadas: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Salvador.

O reservatório tem cerca de 320 km de extensão, com capacidade de armazenamento de 34,1 bilhões de metros cúbicos de água. Além do abastecimento, a barragem é responsável por 58% do consumo de energia do Nordeste.

Por Duda Oliveira

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