Em artigo, leitor demonstra desconfiança com investimentos antes da Copa: “Histórias de um final conhecido”

por Carlos Britto // 07 de março de 2014 às 21:37

CopaA Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016 seriam os principais motivos pelos quais os governantes estariam investindo em diversas comunidades do país, antes esquecidas e à mercê da sorte. A opinião é do pedagogo e leitor do Blog, Enio Silva da Costa. Ele enviou um artigo relembrando a implantação das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPP’s) no Rio de Janeiro como uma questão exclusivamente comercial.

O pedagogo acredita que logos após as competições esportivas, os traficantes “retomarão” as comunidades do Rio. Ele ainda destaca que os conflitos envolvendo o tráfico poderiam prejudicar os patrocínios e questiona a maneira como a mídia mostra a violência no país.

Vejam:

Histórias de um final conhecido

Desde o dia 21 de novembro de 2010, quando foram incendiados os primeiros carros na cidade do Rio de Janeiro, a mídia soube muito bem como criar um estado de pavor no cidadão carioca. Assaltos viraram “arrastões” e os carros incendiados incansavelmente filmados. Em seguida o estardalhaço das operações policiais nos morros cariocas do Complexo do Alemão e Vila Cruzeiro apenas revelaram o descaso dos governos com essas comunidades. São anos de extrema exclusão, uma população significativa sem acesso aos serviços públicos básicos.

Ora, juntando o efetivo das polícias Militar e Civil, cerca de 65 mil soldados, como o estado tolerou durante tantos anos que cerca de 600 homens (segundo estimativa da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro) não permitissem que o mesmo não cumprisse o seu dever constitucional de assistir a essas comunidades, promovendo uma vida digna para milhares de brasileiros?

É óbvio que não é preciso recorrer à ficção (o filme Tropa de Elite 2) para ter a certeza que o narcotráfico carioca abastece não somente com drogas os playboyzinhos da zona sul, mas muitos políticos e policiais, que são beneficiários direto do tráfico de drogas.

Durante a “invasão” (termo usado pela mídia e as forças de segurança) às favelas, fiquei imaginando o que de fato queriam as autoridades com a espetacularização, e até quando essas comunidades serão assistidas pelo Estado.

O governador anunciou a implantação de UPP’s (Unidades de Polícia Pacificadoras) nas comunidades. A prefeitura não ficou atrás, também anunciou uma série de medidas para assistir os moradores. Foram retiradas das ruas toneladas de lixo que deveriam estar ali há anos porque os traficantes “não permitiam que a coleta fosse realizada”.

Ótimo. Serviço terceirizado, a empresa recebe para prestar o serviço, mas os traficantes não deixam. Alguém deve ganhar com isso. Unidades de Saúde da Família? Não precisa instalar. Escola, professores, lazer, cultura, entretenimento…isso são artigos de luxo, já que nas favelas os traficantes não deixam entrar. Isso perdurou por muitos e longos anos.

Por que somente agora a retomada das comunidades dominadas pelos traficantes? Primeiro: deveria ter-se vergonha de usar o termo “retomada”. Nunca, em momento algum, essas comunidades foram do Estado, nunca ele se fez presente. Então retomaram o que?

Por que se permitiu que tanta gente morresse nessas comunidades? Por que se permitiu que tantos jovens fossem seduzidos ou obrigados a servir aos chefões do tráfico? Por que durante tantos anos se negou os serviços públicos básicos a essas comunidades? E por que somente agora esse interesse em pacificar?

Para algumas perguntas não tenho como imaginar as respostas, deveriam ser respondidas diretamente pelo governador e o prefeito da cidade do Rio de Janeiro. Mas posso discorrer sobre algumas hipóteses desse interesse em “retomar” essas áreas.

Primeiro: estamos à beira de sediar uma Copa do Mundo e, assim como São Paulo, o Rio será a vitrine e destino de muitos turistas, possivelmente a partida final seja lá. Como lucrar e obter patrocínio numa cidade com altos índices de violência?

Segundo: estava marcada para o dia 02/12/2010 a apresentação ao mercado de patrocinadores, o projeto comercial do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. “Trata-se de uma robusta plataforma de comunicação de até seis anos para as empresas fortalecerem suas marcas, estabelecerem novos relacionamentos e expandirem seus negócios, a partir de sua associação com os Jogos Rio 2016”.

Quem vai querer investir numa marca com possibilidades de fracasso, em razão de tanta desigualdade social, traduzida pela dominação do tráfico de drogas e dos reflexos de um sistema de miséria e violência inerentes ao capitalismo?

Serão bilhões que serão arrecadados com patrocínios. Então, longe de ser uma questão de reparação social, a operação policial nas favelas cariocas é uma questão comercial. Logo após a Copa do Mundo e das Olimpíadas, os traficantes podem reassumir os destinos das comunidades.

Enio Silva da Costa/Pedagogo

Em artigo, leitor demonstra desconfiança com investimentos antes da Copa: “Histórias de um final conhecido”

  1. Enio Silva disse:

    Esclarecendo que esse artigo foi escrito no final de 2010, onde lê-se: “Segundo: estava marcada para o dia 02/12/2013…”, leia-se: “Segundo: estava marcada para o dia 02/12/2010”.

  2. leninhapib@hotmail.com disse:

    não importa quando foi escrito o q importa é o conteúdo.. de fato depois da copa veremos em q vai se tornar nosso pais e o crime organizado estar só se organizando para voltar com tudo q tem direito esses pobres coitados dessas favelas q pensaram q estava livre e se e apareceram na tv dando entrevista se prepare pq os bandidos vão tomar de conta com muita força… q deus cuide de nós pobres mortais… talvez dona dilma consiga segurar até a eleição.. “interesses politicos”

    1. Rafael disse:

      Não, se Deus permitir não irão! O Brasil conseguiu unir polícias do estado do rio e forças armadas para expulsar os traficantes! E vc sabe que quando a marinha e o exército entram na parada a madeira deita! Só um traficante tolo o bastante para tentar retomar as favelas, sabendo que se o fizer, terão que enfrentar a polícia militar do rio e mais exército brasileiro e fuzileiros navais, ou seja seria uma ação totalmente suicida! O único mal disso tudo é que a polícia e o exército não poderiam atirar nos bandidos para matar, já que a lei dos direitos humanos não permite! estes grupos de traficantes e de extermínio deveriam ser tratados era como terroristas e não como simples bandidos!

      Quanto a segurança dos eventos da copa, eu sugeria que a força nacional de segurança pública e homens da polícia do exército fossem acionados para ajudar as PMs, incluindo também os novos VANTS (veículos aéreos não tripulados) da FAB e PF para tirar fotos dos que estejam envolvidos nos protestos violentos e atacar com armas anti-distúrbios e blindados para intimidar e “quebrar” as formações de “batalha” dos black blocs, e também policiais equipados com suítes EOD para desarmar possíveis explosivos que estes manifestantes (tão mais para terroristas) tentem explodir!

  3. João Cambão disse:

    Tá boicotando

  4. abiliosol disse:

    Mais um artigo da turma do complexo de vira-latas. Esse povo tem de parar de ver a globo e de ler a veja.

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