Artigo do leitor: “Afrânio, 59 anos de história e de trabalho”

por Carlos Britto // 31 de maio de 2023 às 11:30

Foto: Arquivo pessoal

Em artigo enviado ao Blog, o historiador e genealogista Aurélio de Macedo Rodrigues (o “Lerin”) relembra histórias do município de Afrânio (PE), que está completando hoje (31) seus 49 anos de emancipação política. 

Acompanhe:

Vaqueiros com suas boiadas e tropeiros com suas mercadorias faziam pernoites, davam pastagens e descanso aos animais na Passagem do Juazeiro (Petrolina), nas freguesias de Caboclo e de Cachoeira do Roberto. Eram freguesias que prosperavam naquela época.

Em virtude de sua posição vantajosa, a freguesia de Cachoeira do Roberto já era sede de uma fazenda em 1851. Tinha uma feira semanal movimentada, além de contar com excelente e abundante água potável. Prosperou e progrediu ao ponto de contar com cerca de 80 casas em 1868, conforme relatado pelo historiador pernambucano Pereira da Costa.

Desde 1890, foi prevista uma estrada de ferro em linha reta entre Petrolina e Teresina. Uma comissão nomeada pelo Ministro da Agricultura para fazer o plano de viação geral do Brasil estabeleceu que “O São Francisco é a grande linha Norte-Sul adoptada pela comissão para fechar a rede, ligando o systema do Norte ao Sul. Por ele se ligará com efeito a artéria Este-Oeste com a viação do Norte em Petrolina pelo prolongamento da estrada de ferro da Bahia (Salvador) ao Joazeiro; pela linha indicada desse ponto a Therezina”. No entanto, a ferrovia jamais chegou naquele destino. Parou na cidade de Paulistana, em 1935, num percurso de apenas 204 quilômetros desde Petrolina.

Quando foi apresentado o planejamento da ferrovia Petrolina-Teresina passando pela fazenda Inveja, a população de Cachoeira do Roberto se sentiu prejudicada, pois queria que ela passasse naquele povoado.

Com o início da construção da estrada de ferro, os braços operosos dos trabalhadores e alguns negociantes lançaram as sementes para o nascimento de uma cidade onde ficava a fazenda Inveja.

Naquela época, o frei capuchinho Fortunato fazia pregações missionárias na região. Em 31 de junho de 1927, ele rezou a primeira missa e lançou a “Pedra do Cruzeiro” no local onde posteriormente foi construída a igreja, e sugeriu aos moradores que homenageassem a São João Batista.

Em 1928, segundo a tradição oral da cidade, a estação São João de Afrânio foi solenemente inaugurada em homenagem ao santo e também a um engenheiro ferroviário.

Dez anos depois, foi criado o distrito de Afrânio e, em 31 de maio de 1964, o lugar passou à categoria de cidade. Foi nomeado primeiro prefeito José Cavalcanti Ramos (Zelice).

A última viagem do trem foi em 1972, quando encerraram a linha Petrolina-Paulistana, retiraram os trilhos e deixaram a estação de Afrânio abandonada por 26 anos. Somente em maio de 2000, o empresário José Cristóvão Cavalcanti comprou e restaurou o prédio para aluguel, mas por sugestão do arquiteto Cosme Cavalcanti ele cedeu a antiga estação para criar ali um centro comunitário e cultural.

Exigiu apenas que a estrutura e fachada fossem mantidas.

Quando o trem apitava em Caroatá, grande parte da população afraniense acordava na estação ferroviária. Era a grande diversão daquela comunidade receber e se despedir dos passageiros do trem.

Nas salas de aula, sempre foi ensinado que o município recebeu este nome em homenagem ao engenheiro Afrânio de Melo Franco, que teria trabalhado na construção da estrada de ferro.

Mas há uma imprecisão histórica a ser reparada. Afrânio de Melo Franco não era engenheiro. Foi Ministro da Viação e Obras Públicas durante o governo de Delfim Moreira, em 1918.

Na biografia “Um estadista da República”, clássico da história do Brasil, escrito por Afonso Arinos, jurista e filho do embaixador Afrânio de Melo Franco, não há indícios de que ele tenha estado na região.

Comemoremos o 59º aniversário de Afrânio, honrando o passado, celebrando o presente e olhando para o futuro promissor que aguarda nossa querida cidade. Que a força do trabalho e o espírito de fé do povo afraniense continuem a nos inspirar e a impulsionar o desenvolvimento do município por muitos e muitos anos.

Aurélio de Macedo Rodrigues (Lerin)/Historiador e genealogista

Artigo do leitor: “Afrânio, 59 anos de história e de trabalho”

  1. DANILO MORORO disse:

    Artigo muito interessante, parabéns Aurélio.

  2. LEDA VIRGINIA CAVALCANTI disse:

    Muito bem escrito por Aurélio! parabéns por esse belo texto que recorda acontecimentos, bem o lugar dos nossos antepassados.

  3. José Florêncio Coelho Filho disse:

    É muito bom conhecer a história dos antepassados para se construir o futuro. Parabéns Aurélio.

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