Após mais de três décadas, justiça levará a julgamento “Escândalo da Mandioca”

por Carlos Britto // 04 de março de 2013 às 18:29

pedro-jorge/foto reproduçãoO Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) julgará, nesta quarta-feira (6) o recurso interposto pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelas partes acusadas na ação penal de número 03 (PE), mais conhecida como “Escândalo da Mandioca”.

A ação penal trata do desvio de R$ 1,5 bilhão de cruzeiros (cerca de R$ 20 milhões em valores atuais) da agência do Banco do Brasil de Floresta, no sertão de Pernambuco, entre junho de 1979 e março de 1981.

O dinheiro deveria ser destinado à agricultura, por meio do Proagro (programa de incentivo do Governo Federal), mas foi desviado para a aquisição de imóveis, automóveis e outros bens.

O processo chegou à Justiça Federal quando os TRF’s ainda nem existiam, sendo apreciado, inicialmente, pelo então Tribunal Federal de Recursos. Quando os TRF’s foram criados, através da Constituição Federal de 1988, o processo foi encaminhado para a 5ª Região, ficando sob a relatoria do desembargador federal Orlando Rebouças.

À época, o caso ficou suspenso por cerca de quatro anos, pois o relator precisava de uma licença da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) para ouvir o deputado Vital Novaes, um dos acusados de envolvimento no escândalo.

Em 1999, a ação foi julgada, tendo como relator o desembargador federal José Maria Lucena. As maiores penas foram impostas a Edmilson Soares Lins, então gerente do Banco do Brasil em Floresta (PE), condenado a 11 anos e 3 meses de reclusão; Antonio “Rico” Oliveira Silva, fazendeiro, condenado a 8 anos e 2 meses; e a José Ferreira dos Anjos , o Major Ferreira, condenado a 5 anos e 10 meses de reclusão, quando já cumpria pena pelo crime de homicídio do procurador da República Pedro Jorge de Melo, que ofereceu as denúncias e cobrou apuração do caso. As partes recorreram e dois dos acusados foram dispensados do julgamento por terem mais de 70 anos.

Em 2002, após sessão de julgamento no TRF5 de recursos de embargos de declaração, tendo como relatora a desembargadora federal Margarida Cantarelli, as partes interpuseram recursos especiais ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O STJ aceitou o recurso do MPF e acolheu parcialmente o pedido para reconhecer a data de prescrição alegada, determinar que o aumento da pena decorrente da repetição do crime obedeça ao número de práticas delitivas de cada réu e para que o TRF5 analisasse a viabilidade de elevação das penas dos réus Jarbas Salviano Duarte, Roberto Batuíra Furtado da Cruz, Eduardo Wanderley Costa, Palmério Olímpio Maia, Pedro Bezerra da Silva e Ademar Pereira Brasileiro, em função do exercício de cargos comissionados, à época da infração.

Agora, os embargos de declaração retornam a julgamento no Pleno do TRF5 para readequação das penas, nos parâmetros traçados pelo STJ, com voto do novo relator, desembargador federal convocado Ivan Lira de Carvalho. Em 2002, o processo contava com 76 volumes. Hoje, são 99.

Entenda o caso

O “Escândalo da Mandioca” foi o maior escândalo financeiro de Pernambuco, ocorrido entre os anos de 1979 e 1981 na agência do Banco do Brasil de Floresta, resultando no desvio de 1,5 bilhão de cruzeiros do Proagro (programa de incentivo agrícola criado pelo Governo Federal em 1973).

O golpe consistia na obtenção de documentos falsos para conseguir créditos agrícolas para o plantio de mandioca, feijão, cebola, melão e melancia em propriedades fictícias, e por agricultores fantasmas.

Em seguida, os envolvidos alegavam que a seca destruiu as plantações, para que o Proagro ainda pagasse o seguro, item também previsto no programa governamental.

A fraude contou com a participação de funcionários do Banco do Brasil, incluídos gerentes e fiscais da carteira agrícola, um deputado estadual e um major da Polícia Militar, dentre outros envolvidos. Segundo as investigações, o dinheiro era utilizado na compra de carros, casas, terrenos, fazendas, em viagens etc. O Ministério Público Federal (MPF) denunciou, à época, 24 pessoas pelos crimes de peculato, corrupção ativa e corrupção passiva, entre elas o então Major Ferreira, condenado pelo assassinato do procurador da República Pedro Jorge de Melo. (Fonte: JC)

Após mais de três décadas, justiça levará a julgamento “Escândalo da Mandioca”

  1. FAZ ME RIR disse:

    VITAL NOVAES QUE NA ÉPOCA ERA DEPUTADO, HOJE É PAI DO DEPUTADO RODRIGO NOVAES.

  2. maniçobinha disse:

    é uma vergonha um deputado envolvido em falcatruas. E pra quem não sabe é o pai do deputado estadual rodrigo novaes, que pra bom falta muito. vive prometendo e nao cumpre. eu votei nela pra nunca mais. Não esqueci o que fizeste comigo, disse que iria me arrumar um emprego e até hj to lascado e desempregado. Nao voto mais em vc, só na minha querida e honesta prefeita rorro, que vc vive falando por tras.

  3. Vagner Di Sabre disse:

    “A massa – Raimundo Sodré”

    Quando eu lembro da massa da mandioca
    Quando eu lembro da massa da mandioca

    A dor da gente é dor de menino acanhado
    Menino-bezerro pisado no curral do mundo a penar
    Que salta aos olhos igual a um gemido calado
    A sombra do mal-assombrado é a dor de nem poder chorar

    Moinho de homens que nem jerimuns amassados
    Mansos meninos domados, massa de medos iguais
    Amassando a massa a mão que amassa a comida
    Esculpe, modela e castiga a massa dos homens normais

    Quando eu lembro da massa da mandioca mãe, da massa
    Nunca mais me fizeram aquela presença, mãe
    Da massa que planta a mandioca, mãe
    A massa que eu falo é a que passa fome, mãe
    A massa que planta a mandioca, mãe
    Quando eu lembro da massa da mandioca

    Lelé meu amor lelé no cabo da minha enxada não conheço “coroné”
    Eu quero mas não quero (camarão). Minha mulher na função (camarão)
    Que está livre de um abraço, mas não está de um beliscão
    Torna a repetir meu amor: ai, ai, ai!
    É que o guarda civil não quer a roupa no quarador
    Meu Deus onde vai parar, parar essa massa
    Meu Deus onde vai rolar, rolar essa massa

    Vagner Di Sabre
    Pedagogo e Articulador de Educação Tecnológica
    Juazeiro-BA

    1. mary lu disse:

      Uhhuuuu… Muito bem lembrado! Morei na Floresta tb, e nessa época cantávamos essa música mesmo, melhor ainda, assim: Quando eu lembro da massa da mandioca mae, em Floresta…
      Uma vergonha, que infelizmente nao foi a primeira nem a única nesse país esculhambado.

  4. Osvaldo disse:

    30 anos depois …..

  5. Mauricio Dantas disse:

    Isso é Brasil. Um caso onde a maioria dos réus já não vão mais poder cumprir penas pois já são muito velhos ou falecidos só agora vai ser julgado! E o dinheiro? Alguém devolveu? porque não pedir aos familiares da maioria desses envolvidos que hoje devem estar usufruindo das “riquezas” daquela época para devolver ao erário público esse dinheiro? Seria uma “pena” mais justa!

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