Transição de ‘faz de conta’: Equipe de Miguel lamenta excesso de burocracia e “informações superficiais” da atual gestão

por Carlos Britto // 03 de dezembro de 2016 às 20:59

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Embora aparente estar ocorrendo em brancas nuvens, o processo de transição em Petrolina mostra-se muito mais complicado do que parece. Se por um lado a equipe do atual prefeito Julio Lossio (PMDB) garante estar cumprindo todos os trâmites legais, por outro os integrantes que compõem a equipe do prefeito eleito Miguel Coelho (PSB) lamentam o que chamam de “falta de vontade e de clareza” nas informações repassadas – além do excesso de burocracia.

Em entrevista a este Blog, os advogados Albérico Lacerda, Diniz Eduardo Cavalcante e Thalita Andrade disseram que pouca coisa sobre a real situação do município foi repassada pela atual gestão até o momento. A maior parte dos números obtidos, segundo eles, foi obtida por fora da prefeitura, graças à parceria como órgãos como Tribunais de Contas do Estado (TCE) e da União (TCU), além do Tesouro Nacional e de portais de transparência que regulam a liberação de verbas.

Se dependesse da prefeitura saberíamos pouco”, afirma Eduardo Diniz. Ele lembra, no entanto, que não foi isso que deu a entender no início da transição, no último dia 13 de outubro, quando Lossio e Miguel se reuniram com suas equipes na prefeitura. “Nesse primeiro contato, o prefeito disse que entregaria todas as informações. Disse até que o município tinha dinheiro em conta”, disse. Mas já o primeiro ofício enviado pela equipe do socialista, baseado num manual do TCE, a atual administração, só foi entregue 25 dias de protocolado, quando pela Lei Complementar Estadual, esse prazo é de 15 dias.

Os integrantes da equipe de Miguel informaram também que a atual gestão ainda não repassou documentos elementares referentes, por exemplo, a contratos de fornecedores e serviços prestados. Os que já chegaram às mãos deles, foram apenas “de forma superficial”. Eles lamentam, ainda, o excesso de burocracia no envio dessas informações, as quais são solicitadas quase sempre através de ofícios. “Tudo o que a gente já requereu poderia ser fornecido de imediato”, frisou Eduardo Diniz.

Nova Semente e VLT

Um dos itens mais críticos da transição diz respeito ao Programa ‘Nova Semente’, a menina dos olhos de Lossio, cujo custeio é de R$ 60 milhões somente em 2016. Segundo Diniz Eduardo, o Petrape – entidade filantrópica gestora do programa – tinha por obrigação prestar contas a cada três meses desse trabalho, o que foi feito. Mas ninguém na prefeitura, em cinco anos do programa implantado, analisou a prestação para constatar se o mesmo estava sendo conduzido a contento. “Não houve nenhuma declaração do gestor, secretário ou do prefeito”, revelou.

O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) é outra questão controversa. O advogado lembrou que Lossio afirmou que deixaria R$ 130 milhões para Miguel, além de entregar todos os documentos referentes ao projeto. Mas no dia em que esses documentos foram entregues, o TCE mandou suspender o projeto “por deficiência de viabilidade técnica”.

Dívidas

O mal-estar entre as duas equipes também aflorou por conta do pedido sobre obras executadas pela administração. Os integrantes da equipe de Miguel esperavam o envio de projetos, mas esse pedido se resumiu apenas a visitas em alguns canteiros de obras. Segundo Thalita Andrade, numa das visitas – a uma escola da Cohab VI – ela foi aconselhada a olhar pelo buraco da fechadura. “Entendemos isso como uma falta de respeito”, desabafou. Outro integrante da equipe de Miguel, Albérico Lacerda ironizou: “Não estamos aqui para fazer city tour”.

Em relação às dívidas, os três mostraram-se preocupados com os restos a pagar, que são obrigações adquiridas pela prefeitura em relação a uma série de itens (serviços, fornecedores, contribuições previdenciárias, folha de pagamento entre outros). O número mais recente, segundo Diniz Eduardo, refere-se a 31 de agosto deste ano e está em R$ 59.722.772,73. Destes, R$ 16.804.937,54 devem ser executados. Mas a prefeitura ainda tem pendentes R$ 42.917,835,00 e ainda não deu explicações à equipe. “O prefeito está caminhando para deixar dívidas”, declarou o advogado.

Garantindo que a intenção não é pregar revanchismos, Diniz Eduardo reforça que quer apenas que a prefeitura forneça os documentos. Ele admite que da forma como a transição pode encerrar, o prefeito eleito encontrará dificuldades no início da sua gestão, mas não estará “às escuras”. E voltou a apelar pela transparência nas informações, sob o risco de programas considerados essenciais à população serem descontinuados. “Uma transição bem feita, quem sairá ganhando não é o atual prefeito ou Miguel Coelho. É o povo, que terá a garantia da continuidade do serviço”, completou.

Transição de ‘faz de conta’: Equipe de Miguel lamenta excesso de burocracia e “informações superficiais” da atual gestão

  1. Cidadao Consciente disse:

    Será mesmo que esta equipe tem competencia tecnica para participar de uma transição de governo? Sao advogados, nao tem administrador, economista, contador, etc.

  2. Seu Mané que não é besta disse:

    TODA VEZ QUE VAI MUDAR DE PREFEITO EM PETROLINA É ESSE LENGA-LENGA, TANTO UM LADO QUANTO O OUTRO, PRECISA SEREM PROFISSIONAIS E TRABALHAREM COM SERIEDADE E DEIXAR DE PICUINHA….VÃO LAMBER SABÃO, BANDO DE INCOMPETENTES…

  3. Lourdes Souza disse:

    Concordo com os dois: Cidadão Consciente e Seu Mané que não é besta, é muita picuinha pra um assunto só. Pior que acho que não entendem mesmo. Querem criar polêmica, como já era esperado, vindo desse grupo.

  4. Cego às avessas disse:

    Prévia do governo Miguel Coelho: O que houver de exitoso a gente ganha o crédito, o que der errado a gente joga a culpa na gestão anterior!

  5. marianadecastro.silva29@gmail.com disse:

    as pessoas precisam entender que isso e a forma natural do processo, porem acho que nao precisava esse tipo de postagem agora, a gestao atual nem comeceu a trabalhar de verdade, entao acho que muita coisa deve aparecer, em menos acho dificil conseguir tirar um extrato de tudo

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