Solidariedade natalina no Sertão

por Carlos Britto // 15 de novembro de 2015 às 19:23

solidariedade

É com grande expectativa que a analista judiciária Tereza Matos, 55 anos, a autônoma Tetê Wanderley, da mesma idade, e a oficial de justiça Aida Mejaim, 48, veem a aproximação do período natalino, quando pretendem entregar todo o material que confeccionaram ou receberam por meio de doações provenientes de todas as partes do País nos últimos nove meses. O destino é certo: meninos e meninas de, pelo menos, 15 cidades do Sertão pernambucano. Cerca de três mil peças de roupas e calçados já estão prontas. O pagamento a todo esse esforço: sorrisos de gratidão.

Nos apartamentos das três amigas, falta espaço para as atividades cotidianas, tamanha a quantidade de material à espera do grande dia. Aliás, grandes dias. Elas pretendem viajar separadas e em datas diferentes para cobrir uma área maior. Afogados da Ingazeira, São José do Egito, Serra Talhada, Triunfo e Santa Cruz da Baixa Verde estarão entre as cidades visitadas. “Quando comecei, nem tinha ideia da complexidade que é viajar para o Sertão, e até do perigo. Por isso, estamos montando toda essa estratégia, sem divulgar datas“, explica Tereza, que idealizou a iniciativa.

Tudo começou por meio de uma promessa em retribuição a uma bênção alcançada. A meta do projeto, que recebeu o nome de “Vestidos em algodão para as meninas do Sertão” e tem vídeos de engajamento nas redes sociais, era a confecção de uma peça feminina por dia, de março a dezembro. Inicialmente, seriam 301. “Mas, com a chegada de Aida, esse número aumentou. Depois, chamamos Tetê, que veio com a parte das bermudas. Foi crescendo, inclusive no Facebook, até que chegamos a conjuntinhos, cuecas, calcinhas, chinelos, algo bem completo“, diz Tereza.

Aida afirma que quase não tem dado conta de embalar tanta coisa. Tudo tem que estar pronto até o fim deste mês, até porque parte do material vai ser entregue a pessoas físicas e entidades que se ofereceram para ajudar antes mesmo da viagem das três. “Queremos chegar ao fim do ano com esse apartamento vazio“, brinca.

Como não queremos correr o risco de desperdiçar nada, já temos interessados em distribuir no Sertão. E acreditamos que vai ter uma parte das roupas que vamos direcionar a entidades sociais daqui também”, revela Aida.

Nos planos para o ano que vem está a intenção de repetir os esforços deste, mas para contemplar uma variedade maior de necessitados. “Talvez idosos ou mesmo crianças de outras regiões, só que numa meta, a princípio, menor, que dê para a gente se organizar com mais calma“, fala Tetê, que, ao mesmo tempo em que confessa o cansaço por vários meses de trabalho, se diz recompensada só em pensar no que vai encontrar no Sertão. “Ver aquelas crianças tendo um Natal mais feliz e com dignidade é tudo o que pode haver de bom. Cada roupa é diferente, feita especialmente para cada menino e menina. É um trabalho grande, cansativo, mas sou muito grata com o que veio e o que está por vir”, comemora a autônoma. (fonte/foto: Folha de PE)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Últimos Comentários