‘Reinado’ do presidente da Alepe pode começar a desmoronar

por Carlos Britto // 08 de setembro de 2013 às 13:29

Uchoa e Eduardo CamposQuando subiu na tribuna da Casa de Joaquim Nabuco, com os jornais pernambucanos sob censura, na última quarta-feira (4), o presidente da Assembleia Legislativa, Guilherme Uchoa (PDT), protagonizou a primeira cena de uma desconstrução. Diante de um plenário silencioso e atônito, o pedetista – até então intocável – deixou transparecer pela primeira vez em sete anos, fragilidade.

A decisão liminar que cassou o direto dos jornais de citá-lo no caso envolvendo a adoção ilegal de uma menor em Olinda lançou o presidente numa crise que não deve cessar tão cedo. Sustentado pelo Palácio do Campo das Princesas, que no ano passado patrocinou sua terceira reeleição com uma Proposta de Emenda Constitucional (que ficou conhecida como PEC da Reeleição), elaborada para atender ao desejo de Eduardo Campos (PSB) de manter Uchoa no comando da casa, o pedetista não encontrou resistência dos parlamentares e terminou conquistando o seu quarto mandato.

Hoje, o grande quantitativo de deputados insatisfeitos com a condução do presidente faria valer o voto secreto para derrubar a matéria.

Desde que a menor M.A. cruzou o caminho do pedetista, sua hegemonia, assegurada com decisões polêmicas e controle extremo dos pares, começou a ser colocada em xeque. A repercussão negativa do episódio na imprensa nacional levou o governador a “lavar as mãos”. O Palácio não pretende se mexer para evitar que a crise custe o mandato do presidente.

Hegemonia ameaçada

Nos 178 anos de instalação da Assembleia, essa foi a primeira vez que se viu um quarto mandato consecutivo. E o poder, quando não é compartilhado, o corporativismo perde espaço. Os colegas estão vendo no episódio a possibilidade de derrubar a hegemonia construída por Uchoa com apoio do Palácio. As denúncias de que o médico da Assembleia, Aldo Mota, e o advogado, Joaquim Pessoas Guerra Filho, também integrante dos quadros da Casa, haviam se envolvido no caso da adoção ilegal levou os deputados estaduais a iniciar uma pressão para que o presidente seja investigado.

Uma cobrança pública feita na última sexta-feira pela bancada de oposição – os deputados Terezinha Nunes, Daniel Coelho e Betinho Gomes – defende o esclarecimento do envolvimento desses funcionários no caso. (Fonte: JC Online)

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