Palácio do Planalto ‘apanha’ de novo na Câmara e partidos aliados começam a saltar do barco

por Carlos Britto // 06 de agosto de 2015 às 11:02

câmara deputadosO Palácio do Planalto viveu nesta quarta-feira (5) mais um dia de derrotas e vexames na Câmara dos Deputados. Com apoio até do PT, o plenário aprovou na madrugada desta quinta (6) o texto principal do primeiro item da “pauta-bomba” que ameaça o ajuste fiscal, o PDT anunciou o rompimento oficial e o PTB disse que vai votar contra o governo, em protesto.

O “dia de cão” fez o líder de Dilma na Câmara, José Guimarães (PT-CE), desabafar, em tom de abatimento: “E preciso definir mais criteriosamente o que é base e o que não é. A base precisa ser refeita, com critérios de fidelidade, de fidelidade dos ministros. Fizemos o ajuste fiscal, agora é preciso fazer o ajuste político. Tem que mudar muita coisa“.

Apesar dos apelos no sentido contrário, a base dilmista anunciou que votaria em peso o projeto que eleva o salário de parte da cúpula do funcionalismo público.

Está claro e nítido que o governo não tem base hoje“, disse o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Apesar de ter colocado o tema em votação, ele afirmou que irá barrar a conclusão da tramitação da proposta e disse ser contra “agredir as contas públicas por causa de disputas políticas”.

A desorganização governista foi tanta que até o PT disse que votaria a favor do projeto, devido à sua ligação com o funcionalismo, contrariando a orientação da liderança do governo na Casa. Em linha contrária, e em nome do equilíbrio das contas públicas, o líder do oposicionista DEM, Mendonça Filho (PE), afirmou que votaria contra.

A proposta acabou aprovada por 445 votos a 16. Ainda serão votados destaques que podem alterar complemente o texto e serão apreciados na próxima terça-feira (11).

A PEC 443 beneficia servidores da Advocacia-Geral da União e das procuradorias estaduais. Ela vincula o salário dessas carreiras a 90,25% do ganho dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Também terão reajustes delegados da Polícia Federal e da Polícia Civil dos Estados. A regra se aplica ainda a procuradores municipais nas capitais e municípios com mais de 500 mil habitantes.

Os reajustes variam de 34% a 59%. O salário inicial mais baixo passa de R$ 16.830 para R$ 26.125. O ganho em final de carreira vai de R$ 22.805 para R$ 30.471, próximo ao que é pago à presidente da República (R$ 30.934,70).

Pouco antes da votação, o ministro Nelson Barbosa (Planejamento) afirmou em rede social ter pedido aos líderes na Câmara que não votassem a proposta, que considera inconstitucional e incompatível com a situação do país. “Essas carreiras já têm os maiores salários da administração pública federal”, afirmou. “O reajuste não é razoável no momento em que empresas e trabalhadores privados enfrentam dificuldades”.

O Planejamento calcula um gasto adicional de R$ 2,5 bilhões com os salários da AGU e dos delegados.

Rompimento

Em atrito com o governo desde o pacote de ajuste fiscal, o PDT do ministro Manoel Dias (Trabalho) anunciou em plenário o rompimento com o Planalto. O PTB também falou em um votar contra o governo nos próximos dias. “Estamos dando um tempo para discutir a relação. Seguramos essa bancada no braço, mas o governo não mostra sensibilidade”, disse o líder da bancada do PTB, Jovair Arantes (GO).

No papel, o governo contava com o apoio de 21 partidos (PDT e PTB inclusos), que somam 364 das 513 cadeiras da Câmara. Na prática, porém, a base de Dilma Rousseff tem se mostrado bem menor e bastante instável. (fonte: Folhapress/JC/foto divulgação/Câmara dos Deputados)

Palácio do Planalto ‘apanha’ de novo na Câmara e partidos aliados começam a saltar do barco

  1. Maria disse:

    O povo tem que urgentemente reavaliar os votos que estão dando aos políticos. Pois esses que estão aí não estão votando contra um partido ou um governo, estão sendo contra o Brasil, contra você que votou neles.
    Hoje está tudo bem. Derrotam o governo, e depois? Algum desses partidos estarão no poder e vão arcar com as más consequências dos atos que eles mesmos fizeram e com o apoio do próprio povo.
    Vamos amadurecer, pensar no País como realmente deve ser e não como se fosse uma partida de futebol ou uma luta de MMA ou UFC. Nessa palhaçada toda só quem perde somos nós que não temos proteção de nada.

  2. Maria disse:

    Tem que fazer manifestações? Que seja contra o Congresso, na porta do Congresso para forçar esses políticos a entender que eles estão ali para trabalhar para o povo e não o contrário.
    Pelo fim dos privilégios e prerrogativas dos deputados, senadores e vereadores. São funcionários eletivos e nada mais do que isso.

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