Na reta decisiva de campanha, deputada Terezinha Nunes ainda vê cenário indefinido para presidente e governador de PE

por Carlos Britto // 18 de setembro de 2018 às 09:42

A 20 dias das eleições, a deputada estadual Terezinha Nunes (PSDB) – que tentará seu quarto mandato para a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) – ainda vê um cenário completamente indefinido em relação à disputa presidencial e ao Governo de Pernambuco. Após cumprir agenda pelo Sertão do São Francisco no último final de semana, a parlamentar concedeu uma entrevista exclusiva a este Blog, antes de retornar ao Recife no dia de ontem (17). Para Terezinha, grande parte do eleitorado ainda não se decidiu sobre seus candidatos.

As pessoas estão muito caladas. Acho que mais de 90% da população não escolheu ainda seu candidato a presidente e a governador. E quem escolheu deputado, diz que não votará nem em presidente, nem em governador”, afirma.

A deputada, no entanto, mostra-se otimista em relação à escolha do eleitor não só no Estado, como no país. Segundo ela, a tendência é de que o voto seja “mais consciente”, levando-se em conta o perfil do candidato. “Acho que aquele voto de liderança, que empurra um candidato de goela a baixo, o povo não vai mais aceitar. As pessoas até vão aceitar o que as lideranças colocarem, mas com o perfil do candidato junto. Elas querem saber o que esse candidato fez”, analisa.

Diante disso, Terezinha até espera um aumento no número de votos brancos e nulos este ano, mas está convicta de que não será esse absurdo que muitos já visualizam. “Acho que o povo vai votar, mas vai se decidir somente na última semana antes da eleição”, prevê. A deputada afirmou que o recente atentado contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) contribuiu para isso. “Esse acidente com Bolsonaro deu uma chacoalhada na campanha, e é como se as pessoas estivessem esperando outras chacoalhadas. Quais serão ninguém sabe”, diz.

Ela avalia ainda que Bolsonaro pode ser superado em breve por Fernando Haddad (PT), mas o grande beneficiado nessa disputa poderá ser Geraldo Alckmin (PSDB). “De todas as pessoas com já conversei sobre Alckmin, elas dizem que o melhor programa é o de Alckmin, mas não se viram votando nele. Ele não está conseguindo esses votos, mas está criando na cabeça das pessoas de que ele é o melhor”, analisa.

Terezinha admite dificuldades em tornar o tucano conhecido no Nordeste, mas ressalta que o candidato está bem avaliado no Sul-Sudeste. Ela também explica que a tendência de um possível crescimento de Alckmin nas pesquisas se traduz no fato de o eleitorado de Bolsonaro migrar para a candidatura do tucano, ao perceber o enfraquecimento do candidato do PSL. A deputada lembra, inclusive, que Alckmin só está perdendo em São Paulo – estado em que governou por duas vezes – justamente pelo fato de que a direita paulistana, que sempre esteve com o PSDB, resolveu apostar em Bolsonaro. “Eles acreditavam que só a radicalização derruba o PT. Eu acho um erro. Isso não resolve”.

Em Pernambuco, a deputada também avalia um quadro de indefinição na disputa. Embora o governador Paulo Câmara (PSB), que disputa a reeleição, mantenha-se na dianteira, ela diz não sentir os votos do socialista já consolidados.

Propostas

Empolgada com suas andanças pela região, Terezinha diz ter ampliado o leque de aliados em Santa Maria da Boa Vista, onde já tem o apoio de lideranças políticas influentes como o ex-prefeito Leandro Duarte e seu irmão George. “Acredito que serei a majoritária lá neste ano”, diz, otimista. No município ela faz dobradinha com o deputado federal Kaio Maniçoba (SD), mas também há eleitores seus que acompanharão outro federal, Fernando Filho (DEM).

Entre as propostas da deputada, está seu empenho em defender a região do São Francisco, que considera “muito produtiva” para o Estado. Ela aproveita para lamentar o descaso da administração de Paulo Câmara (PSB) – e mesmo a de Eduardo Campos – com as rodovias estaduais da região, como a Estrada da Uva e do Vinho, construída na gestão de Jarbas Vasconcelos (MDB), da qual fez parte. “O próximo governador vai ter que ter um olhar diferente para cá”, alfineta.

Terezinha citou ainda que continuará sua luta pela implantação do Adutora do Garça, em Santa Maria, e da pavimentação da PE-550, que liga o Projeto Fulgêncio a Urimamã. Nesta última, inclusive, ela foi com Leandro e George conversar com o atual governador, que chegou a dizer que iria licitar a obra. No entanto, a promessa não foi cumprida.

Com uma atuação reconhecida pela comunidade católica do Estado, Terezinha está recebendo de volta um apoio de peso este ano. Alguns líderes do Clero – a exemplo do arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, o bispo de Palmares, Dom Henrique Soares, além dos vários segmentos da Igreja Católica. “Além disso desenvolvi um trabalho muito importante na Assembleia, com a criação da Frente Parlamentar em Defesa das Pessoas com Deficiência, abraçando a causa das crianças com microcefalia, e ampliando a luta pelos direitos das pessoas com deficiência no Estado de Pernambuco. Então, isso tem feito com que a gente tenha conseguindo bastante avanço nessa questão e hoje tenho a felicidade de contar com o apoio de todo esse segmento”, finalizou.

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