Lideranças socialistas evitam bater de frente, por enquanto, com senador FBC

por Carlos Britto // 24 de julho de 2017 às 11:29

O centro de poder em Pernambuco se deslocou – na roda gigante da política – para Petrolina, no Sertão do São Francisco, reduto eleitoral do senador Fernando Bezerra Coelho (PSB). Embora ele tenha sugerido mudanças na direção estadual da sigla, na sexta-feira (21), o governador Paulo Câmara, o prefeito Geraldo Julio e Sileno Guedes, presidente da PSB no Estado, têm evitado confrontos com o senador. Motivos para manter cautela não faltam.

Além de defender uma mudança no PSB estadual, Fernando Bezerra se articula para levar o vice-governador de São Paulo, Márcio França, ao comando nacional do partido – um desconforto para os socialistas pernambucanos. Mas o momento para eles têm sido de engolir seco. O senador conseguiu ajudar a eleger Miguel Coelho como prefeito de Petrolina, assumiu a liderança da bancada do Senado, emplacou o filho como ministro e sua influência tem se estendido para outros municípios, com apoio de deputados federais e estaduais, alguns deles insatisfeitos com o tratamento que recebem do Governo Paulo Câmara.

O parlamentar tem ainda articulado, nos bastidores, uma frente para 2018, caso ele realmente saia do PSB – movimento que preocupa o governador. A aliança envolve a formação de uma chapa majoritária encabeçada pelo seu filho, o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho. A chapa poderia receber o apoio do DEM, do PSDB e até mesmo do PTB. Mendonça Filho (DEM) seria candidato a vice, Bruno Araújo (PSDB) e Armando Monteiro (PTB), postulantes ao Senado – o que Armando nega de forma veemente. Bruno também pode ser o vice e Mendonça concorrer ao Senado, ao lado de Armando. Os quatro estão afinados e debatendo projetos.

Fernando Bezerra tem se mostrado como articulador político nesse momento de crise, e bater de frente com ele sem vislumbrar a consolidação do cenário nacional é um risco. O deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), que preside a Câmara dos Deputados e presidia interinamente o Brasil enquanto Michel Temer (PMDB) estava na Argentina, deslocou-se de Brasília na última sexta-feira para prestigiar o casamento do filho do senador, Miguel Coelho (foto).

Pequenos gestos

Além da influência visível do parlamentar, pequenos gestos também chamaram a atenção na festa. Na recepção do casamento de Miguel Coelho, em dado momento, Paulo Câmara, Geraldo Julio, Sileno Guedes e o filho de Eduardo Campos, João Campos, ficaram ao redor do senador, que estava no centro. Todos procuravam se mostrar descontraídos, como se nada tivesse acontecido ao longo da semana passada. Conversaram, sorriram e não botaram na mesa temas espinhosos como a sucessão de Sileno Guedes ou a corrente dissidente do PSB nacional.

Fernando Bezerra disse a Sileno Guedes, por sua vez, que defendia um PSB forte e não falou sobre os convites que tem recebido para mudar de legenda – fato que se estende para ele e para seu grupo político no Estado. Rodrigo Maia, por sua vez, conversou bastante com o governador Paulo Câmara, mas dedicou parte do seu tempo a Fernando Bezerra e outros dissidentes do PSB que estavam na cerimônia e vieram de outros estados.

Veterano na política, FBC, na prática, tem trabalhado em frentes para ampliar o poder político, seja num cenário A ou B. O desafio de Paulo Câmara é mantê-lo no PSB ou enfraquecer sua influência, caso ele realmente se desfilie da legenda. Alguns aliados dizem não haver caminho de volta, porque ele passou quase três anos sem ser prestigiado por Paulo Câmara e não está mais disposto a ficar como personagem secundário, apoiando o governo sem participar. Outros afirmam que nada é impossível. Na roda gigante, ora se está em cima, ora em baixo. (Fonte: Diário de PE)

Lideranças socialistas evitam bater de frente, por enquanto, com senador FBC

  1. Justino disse:

    Um dia a casa cai para os espertalhões. A sorte de vocês é a ignorância do povo e o comprometimento imoral da imprensa local, a começar pela TV em poder deste grupo. A mídia vem passando a ideia de que esse grupo tá resolvendo tudo, todas as necessidades do povo, quando sabemos que não passa de teatrinho. Essa orquestração só demonstra que a velha política, a política de interesses pessoais e corrupta, continuará dominante, ainda que chegará o seu dia, aos poucos, de ser desmascarada.

  2. Antonio Marreco de Lima disse:

    Interessante a análise. Certo que o ponderável (porque a qualquer momento pode ocorrer), modificaria totalmente o quadro. Se hoje é noiva pretendida por vários partidos, amanhã poderá se tornar no leproso, do qual todos gostariam de ficar distante. Tudo isso, se resolve com cadeia. Imagine, meu caro analista/jornalista, ocorrendo um decreto de prisão ou pelo menos pedido de autorização para processar? Muda tudo ou não?

  3. Cego às avessas disse:

    Você percebe o quanto o país está afundado na lama, quando o povo começa a aplaudir atitudes de políticos dignas de parasitas.

  4. Atento/criticoo disse:

    hoje consegue um misero 18 mil votos pra deputado, e já foi prefeito 2 vezes, sempre tiveram o poder junto com ele rádios, televisão etc…. claro que os funcionários são vão falar o que o patrão quer. enganação, enrolação etc……. Esse pais está jogado as aos lobos, famintos por cargos, dinheiro e propinas.

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