Estudante de 17 anos acusa professor de abuso sexual no CETEP de Juazeiro e diz que direção tentou ‘abafar’ ocorrido; gestora nega omissão

por Carlos Britto // 19 de junho de 2017 às 12:32

Um professor do curso técnico de Enfermagem do Centro Territorial de Educação Profissional do Sertão do São Francisco (CETEP), em Juazeiro (BA), foi denunciado por uma estudante menor de idade que o acusa de assédio sexual. O fato, de acordo com a jovem, de 17 anos, aconteceu no último dia 13 de junho, dentro da própria instituição, que fica localizada no Bairro São Geraldo. A estudante relata que foi chamada pelo professor até o laboratório de enfermagem, quando percebeu que não tinha ninguém no local. “Inicialmente, fiquei na porta ao perceber que não havia ninguém no laboratório, o mesmo insistiu para que entrasse, assim fiz, ao entrar pediu para olhar meu joelho e insistiu para que deitasse na maca e tirasse minha calça, nesse momento me recusei e reafirmei que não havia nada de errado com meu joelho, no instante estava nervosa e o professor estava rindo“, afirma.

A jovem ainda relata que saiu “desesperada” do laboratório e voltou para a sala de aula. Depois, ela disse que foi conduzida à Direção por suas amigas e uma professora. Ela alega não ter recebido suporte da diretora do CETEP. “Ao chegar lá ainda assustada com tudo aquilo, o professor já se encontrava lá, e fui conduzida a outra entrada que dá acesso à direção, quando entrei, fui abordada pelo vice-diretor, que tentava me acalmar com água, pois naquele momento estava em choque, e aguardando a diretora da unidade que estava em reunião, e não me deu suporte algum, durante o período que estava na direção, fui induzida pelo vice-diretor para ‘abafar’ e não comentar sobre o ocorrido, e ainda perguntou se me encontrava em condições de retornar à sala de aula. Como já estava perto do horário da saída, fui embora sem nenhum amparo por parte da escola, nem tão pouco falar com a Diretora. Aguardo, juntamente com minha família, que medidas sejam tomadas por parte da escola”, conta.

Sobre a denúncia da jovem, o Blog conversou com a diretora da escola, Dinoelma Moura, que confirmou o ocorrido, mas negou que tenha deixado de dar assistência a estudante. De acordo com a diretora, assim que tomou conhecimento do fato, chamou a mãe da estudante, que foi até a unidade. “Acolhemos, chamamos a mãe e ouvimos a menina, junto com a mãe dela. Não podemos expor a estudante, por isso conversamos com ela e a mãe, separadamente. Depois dessa conversa, colocamos o professor e a mãe. Ele confessou que se excedeu, mas disse não ter tocado na estudante, algo que foi confirmado por ela”, disse Dinoelma Moura.

O professor não dá aulas para a estudante, mas faz parte do quadro do curso de Enfermagem. A diretora disse que ele está afastado dos turnos que a jovem estuda (manhã e tarde). Ainda segundo Dinoelma, a estudante disse que o professor estaria cuidando de um problema no joelho dela. “A escola está apurando o fato. Enquanto instituição, a única coisa que a gente pode fazer é tirar o professor da sala, inclusive ele não é professor dela. Ele já foi tirado do convívio. Ela disse que ele estava ajudando a cuidar de um problema no joelho dela, mas eu não tinha conhecimento disso. A gestão tomou todas as medidas cabíveis e foram encaminhadas aos órgãos competentes”, afirma.

Dinoela Moura disse que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) não permite que a instituição exponha a estudante. “O ECA não permite que a gente exponha a estudante em situação de constrangimento. Ela é menor de idade e a gente está aqui para apoiar os nossos alunos, não para passar a mão na cabeça de qualquer professor que seja. Não nos omitimos, em momento algum. A gente acolhe, chama a família, somos mediadores. Recolhemos as informações e repassamos ao Conselho Tutelar e à Vara da Infância e Juventude, bem como à Secretaria de Educação do Estado”, garante. Até a manhã de hoje (19), quando concedeu entrevista a este Blog, a gestora ainda não tinha sido chamada para ser ouvida pelos órgãos judiciais.

Afastamento definitivo

Questionada se o próprio Cetep não poderia afastar o professor, a diretora Dinoela Moura disse que o Estado é responsável por tal medida.  “Vai ser aberto um processo administrativo, ai o estado pode usar a decisão jurídica para afastar definitivamente o professor. A medida administrativa foi tomada, agora o processo está na justiça, que ficará a cargo de tomar as medidas cabíveis. Reafirmo que tomamos todas as providências e encaminhamos aos órgãos competentes. Lamentamos o ocorrido e garantimos que ela foi totalmente protegida dentro do colégio”, finaliza.

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