Em manifesto, Sinpol pede que PM se una à categoria para reforçar reivindicações

por Carlos Britto // 10 de julho de 2015 às 08:20

sinpolTravando uma ‘batalha’ com o Governo de Pernambuco por melhorias salariais e de condições de trabalho, o Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol) no estado enviaram à imprensa um manifesto pelo qual pedem à Polícia Militar para se unir em torno das reivindicações da categoria.

Confiram:

Manifesto Policial

Companheiros da PM, abri os olhos.

Digno de louvor tem sido o vosso trabalho. De longe vem nossa caminhada. Sacrificamos nossas vidas para cumprimento do mister constitucional de cada uma das nossas instituições. A distância que havia entre elas foi encurtada a partir de 2007, quando foi implantada aqui uma política de segurança pública, o PPV.

Mas, o que ganhamos?

Como estado mais violento do Brasil, Pernambuco viu os homicídios caírem quase pela metade. Saiu da sexta para a décima colocação no ranking dos mais violentos do Brasil. A nova posição foi revelada a partir do “Mapa da Violência 2014”. No restante do nordeste brasileiro a criminalidade somente tem aumentado, aqui diminuído.

Mas, o que ganhamos?

O grande sucesso dessa política de segurança pública trouxe substanciais dividendos políticos para alguns, um até se lançando ao cargo executivo maior da nação, e outros, também por consequência do sucesso do PPV, hoje aí estão no poder.

E nós, o que ganhamos?

Companheiros, o que ganhamos?        

Metas e mais metas é o que ganhamos. Somos exigidos mais e mais. Matéria de jornais explicita os abusos dos vossos comandantes. “É isso mesmo. Boletins e mais boletins, e quem não produzir é transferido de cidade”, disse um dos vossos colegas. Nas reuniões do PPV, os delegados saem até enojados com o tratamento recebido. “Eles querem metas. Mandam-nos apertar vocês de todo jeito”, afirmou um deles. Companheiros, vejam a consideração que nos é dada. Somos relegados a escravos. O próprio PPV em sua concepção nos reduz a isso: escravos, remunerados com gratificações ridículas e uma inovação hedionda, os “ganhos coletivos”. Para eles é dinheiro mesmo, e que não é pouco.  

Muito cuidado, irmãos! Às vezes nos perdemos nessa de produzir a qualquer custo. A ação do companheiro da cidade de Escada foi fruto dessa correria desenfreada para que atinjamos as famigeradas metas. É a vontade cega e irracional de produzirmos. Mas, e agora, quem vai com ele à Justiça? Tivesse tirado de circulação uma quadrilha, e todos queriam estar “na foto”.

São oito anos de trabalho. Passado todo esse tempo, conhecerdes alguns dos vossos que tenham dinheiro sobrando em conta? Eu conheço muitos e que somos todos com muitas dívidas. Vivemos em grandes dificuldades. Meritocracia? Uma mentira. Ela nada tem com esses ganhos eventuais assemelhados a esmolas.

Reivindicamos, e nada. “Não tem dinheiro. E não daríamos se tivesse”, é o que dizem. A política deles para conosco é a das gratificações. Fazem-nos de cães nos atirando aos ossos (bônus). Aplicam-nos o vergonho mecanismo da “Seleção Natural”: quem corre sobrevive. Dinheiro tem para montar palanque e chamar a imprensa enganando o povo com os números do PPV. Tem para os inúmeros cargos comissionados no Estado. Tem para os amigos do rei no TCE (aumento de 9%). Tem para os gestores e comandantes, para os analistas de planilhas. Tem para pagar a Arena, hoje elefante branco. Tem para uma consultoria do PPV. Tem para levá-lo a uma terapia.

Não tem para nós, policiais. Nunca vai ter. E agora radicalizam, tirando até a esperança de qualquer coisa futura. A Civil tem dado o troco. Seus números para o PPV é zero (0). Sugiro que para as reuniões do Comitê Gestor do Pacto levem pipocas e guaranás, e quais filmes estão em lançamento.

Companheiros, não vos iludis com essas promoções e seus ganhos pequenos. Logo, e passaram como despercebidos. Ficaram as responsabilidades. Pensem naqueles dos vossos que nada ganharam, e propositadamente pelo pequeno poder de força regulado pelo vosso estatuto arcaico. Houve aí maquiavelismo. Não vos iludis com as entrevistas dos aduladores. É próprio deles pregarem a imagem de um deus grande e cheio de bondades.

Vosso passado no campo das manifestações é glorioso. É exemplar. Maio de 2014, que culminou em saques e toques de recolher. Chamaram a Força de Segurança Nacional e até o Ministro da Justiça, desmoralizado dentro do próprio partido (PT), que o tem como “Fraco e Frouxo”. É a mesma do “São Paulo, lá vamos nós! ”. O candidato no jatinho, tirando onda com nossas caras, dizendo que se tratava de brigas entre nossas instituições. E foram tantas e belas manifestações. Assim, essa condição de subserviência hodierna vos ultraja sobremaneira. Essa aceitação passiva de hoje nada tem de vós. Insurgi-vos, companheiros!

Chega dessa condição de servos. Chega de bancarmos os “manés e otários” para eles. Chega desse papel de bobo da corte do governo. Nosso papel é outro e nobre, e não o de risos. Sejamos dignos de nós mesmos, dignos da própria existência. Vivemos sob o manto, não da boa autoridade, mas do autoritarismo, da arrogância, da opressão, às vezes disfarçados com um falso aperto de mão, um sorriso cínico, e umas visitas e homenagens interesseiras.

Companheiros, unamo-nos!

Juntai-vos a nós. É imperativo nossa união com a vossa para darmos um basta nesse estado de exploração vivido. Hoje o peso sobre vós é bem maior. E o retorno, qual vai ser? Vos digo que nenhum. Para a SDS, todos. E se houver algum, não será proporcional à carga sobre vós depositada. Estes que aí estão são os mesmos de ontem. Prometeram-nos uma valorização à altura das polícias mais bem pagas. Deram-nos um tremendo 171. Ainda assim, desavergonhadamente, não nos aliviam a carga. É mais peso, e sentam em cima. Tripudiam. Vivemos quase que uma luta de classes. Somos os oprimidos, os proletários do mundo contemporâneo. Mudaram apenas as novas condições de opressão.

Reajamos, companheiros! Reajamos!

Apesar de vivermos em um país (hoje) desmoralizado, a Justiça ainda reina. Há pouco o Poder Judiciário deu um “cale a boca” em um da SDS. Se eles têm a palavra coatora, os estatutos ultrapassados, a corregedoria, que nós façamos largo uso das associações e dos sindicatos, da OAB, da Assembleia Legislativa, do MP, e do Poder Judiciário. Façamos largo uso da sociedade denunciando esses abusos. É próprio desse governo e asseclas perseguirem servidores. Temos sido perseguidos, é um fato. O MP já lhes chamou atenção por assédio moral e institucional. Os professores sabem disso.

Companheiros, somos uma força. Exorcizemos esse servilismo estatuído. Esconjuremos essa humilhação quebrando esse laço frio e do descarado interesse do poder aí presente. Digamos “não” a essa exploração aberta e descarada. Digamos “não” a um governo que somente pensa em metas, sem nos dar as mínimas condições para cumpri-las. Finalmente, companheiros, digamos “não” aos violadores do princípio máximo do estado democrático de direito: o da dignidade da pessoa humana.

Unamo-nos, companheiros da PM!

Sindicato dos Policiais Civis de Perambuco (Sinpol)

Em manifesto, Sinpol pede que PM se una à categoria para reforçar reivindicações

  1. macos galdino disse:

    Considero vossa reivindicação justa e injusto o que o governo faz com vocês, mas alguns dos vossos colegas atendem o público mal pra caramba, são autoritários e não aprenderam ainda o conceito de polícia cidadã. A sociedade precisa ter total credibilidade com a polícia assim como tem com os bombeiros, com salários semelhantes. Nós não temos culpa pelos maus tratos que o governo vos dá. Eu cobro respeito do governo por vocês e exijo respeito de vocês por nós. Vamos nos aliar, polícia e sociedade contra a criminalidade.

  2. DOUGLAS LEMOS disse:

    Esta nota, por mais conteúdo positivo que tenha, NÃO FOI EMITIDA PELO SINPOL. Por este motivo, pedimos que seja retirada do blog.

    Douglas Lemos
    Sec. Geral – SINPOL
    81.34232248/81.999160022

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