Em artigo, leitor cobra ações prometidas para Ilha do Fogo

por Carlos Britto // 04 de setembro de 2013 às 21:01

Manifestação-Ilha-do-FogoDepois de quase 15 dias que a  Ilha do Fogo foi reaberta à população, os frequentadores do local ainda aguardam medidas por parte das Prefeituras de Petrolina e Juazeiro para melhorar a infraestrutura. É o que conta o leitor Jucinei Martins, que enviou um artigo ao Blog relatando que muita coisa ainda falta no local, como banheiros, policiamento e rampas de acesso.

Para Jucinei, a Ilha só foi fechada à população devido ao abandono dos próprios governantes. No entanto, segundo ele, a ocupação da área pelo Exército não trouxe benefícios para o local, já que muitos problemas persistem mesmo depois da reabertura.

Vejam:

Há soldados armados, amados ou não…

De que adiantou privar a população de frequentar a Ilha do Fogo durante um ano? De que adiantou expor o Exército Brasileiro da forma que foi exposto aqui no Vale do são Francisco?

No dia 3 de setembro completou um ano em que homens do 72° Batalhão de Infantaria Motorizado (72º BIMtz), sediado em Petrolina, estão presentes na Ilha do Fogo, localizada entre os estados da Bahia e de Pernambuco, mais especificamente entre os municípios de Juazeiro e Petrolina.

Durante quatro meses antes da entrada das tropas do Exército na Ilha e mais esses 365 dias, a sociedade civil se organizou, foi para as ruas, fez atos públicos, manifestações diversas, utilizou os órgãos de imprensa de maneira exaustiva para dizer aos Poderes Públicos que não era o povo o culpado pelos erros cometidos no local, mas sim o descaso dos próprios governantes. Foram eles que sempre viraram as costas para aquele pedaço de chão bonito, atrativo, de um potencial turístico incrível, renegado ao esquecimento pelo Poder Público das duas cidades.

Mas, forçado por um ato administrativo da União, mais especificamente da Secretaria de Patrimônio (SPU), o Batalhão do Exército em Petrolina teve que tomar conta de um balneário turístico, coisa que não é de sua alçada, segundo palavras do comandante da unidade militar durante a sessão conjunta das câmaras de vereadores dos dois municípios.

E agora, eis que se abrem os portões para o povo… Antes são feitas reuniões pelos poderes constituídos, pontos discutidos, regras e acordos são estabelecidos, papéis são assinados e a Ilha do Fogo é aberta ao povo, que se deleita na areia da praia, banha-se nas deliciosas águas do Rio São Francisco apenas aos finais de semana. Também dizem que quando vier um feriado, também poderemos entrar na “nossa casa”.

Nesses dois finais de semana ficamos no “Cercadinho do EB”, como foi batizada a extensão de aproximadamente 120 metros de praia que, com madeira paga pela Prefeitura de Juazeiro, recebeu uma cerca serrada e com arame liso.

Foi-nos dada apenas a presença de guarda-vidas do Corpo de Bombeiros em Petrolina e homens do Exército para abrir e fechar os portões para os populares. Mais nada! Até os banheiros (que ficaram na Ilha, deixados pelo antigo bar que lá funcionava) são uma vergonha aos olhos, ao nariz e ao estômago de quem lá tente entrar. Sem a presença de policiais ou guardas municipais, nem escadas ou rampas apropriadas (a Prefeitura de Juazeiro investiu na construção de uma rampa de madeira que lá está e a antiga escada de madeira foi isolada), as pessoas continuam tendo acesso à praia com seus “cachorrinhos”, o que também estava proibido nas tais regras e acordos, colocando a saúde de inúmeras crianças em risco.

E aí eu pergunto: Valeu a pena colocar uma instituição tão séria e tão respeitada como é o Exército Brasileiro para passar por uma situação tão vexatória, como por exemplo, ser vaiado em pleno desfile de Sete de Setembro, no ano passado, nas cidades de Juazeiro e Petrolina? Valeu a pena o comandante local da corporação ter passado pela situação (por força da responsabilidade que lhe foi imposta) de ir aos órgãos de imprensa e, por não ter respostas, falar qualquer coisa para o povo e logo em seguida receber palavras de desagravo da própria população?

O povo não lutou para ter a Ilha pela metade. Não lutou para ver tudo como antes. O povo lutou por segurança, rampas com acessibilidade, banheiros adequados. Lutou por um balneário turístico de verdade, projetos culturais, projetos na área de artesanato, Museu do Ribeirinho e da Navegação do São Francisco, e condições dignas de trabalho para os pescadores que sobrevivem da pesca no local.

Chega de tanta enrolação. Teremos que esperar por mais quantos anos? Cada um faça a parte que lhe cabe para que os soldados do nosso Exército saiam de lá e voltem a ser amados aqui no Vale do São Francisco. O povo quer apenas um local pra se divertir, com segurança, é claro. E isso é previsto nas leis do país.

Jucinei Martins/ Leitor

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