Um Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) conduzido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que consiste na distribuição de carne de bode a famílias de baixa renda em Petrolina, tem ecoado forte na Casa Plínio Amorim. O motivo para tanto barulho seriam suspeitas de que a Central Única de Bairros (Cubape), responsável pela distribuição do produto, estaria fazendo uso político do programa para beneficiar algumas comunidades.

O vereador da bancada governista, Ronaldo Silva (PSDB), trouxe o assunto a plenário na sessão de ontem (24), esclarecendo sobre os critérios necessários para cada família ser contemplada com a carne de bode. Mas deixou no ar o fato de o presidente da Cubape, Pedro Caldas, ter assinado o documento da Conab, mesmo ocupando cargo de confiança no Governo Miguel Coelho.

Procurado pela reportagem, Pedro Caldas assegurou que a celeuma é sem sentido. Ele explicou que, em fevereiro de 2017, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB) reuniu-se com criadores de caprinos e ovinos no Distrito de Rajada, zona rural de Petrolina, e anunciou que iria conseguir cerca de R$ 3 milhões para a Conab comprar a carne de bode de municípios do Sertão pernambucano. O objetivo era estimular a cadeia produtiva e beneficiar famílias em vulnerabilidade social.

O presidente da Cubape frisou que o secretário José Batista da Gama (Desenvolvimento Econômico e Agrário), numa visita à Conab no Recife, tomou conhecimento que a carne já estava estocada em Parnamirim e foi informado que o programa atendia através de associações de moradores. “Quando Zé Batista retornou, a gente conversou sobre isso e fizemos um ofício ao superintendente (da Conab) solicitando uma parceria. Como nós, da Cubape, temos todas as certidões e estávamos dentro do preconiza uma resolução do governo federal, da Conab, fomos beneficiados com 7,5 mil quilos de carne para doarmos a 1,5 mil famílias”, ressaltou.

Pedro lembrou que as comunidades escolhidas para receber o produto foram Henrique Leite, Vila Vitória, Residenciais Vivendas I e II, João de Deus, Jardim Petrópolis, Pedra Linda e Vila Esperança. “Colocamos carro de som divulgando o programa em cada bairro, anunciando que haveria um cadastro para participar do programa”, informou. Ele deixou claro também que cada família deveria levar CPF, Identidade e comprovante de residência. Eu ainda tive o cuidado de solicitar aos beneficiários que apresentassem a cópia do cartão do Bolsa Família, por entendermos que seria a melhor forma de amarrar o programa para aqueles que realmente precisavam”, declarou.

“Ciumeira”

O barulho que se viu depois de o programa ter sido aprovado pela Conab, segundo Pedro, está na “ciumeira” de certos vereadores por estes não terem indicado nenhuma família para o programa. “Nenhum vereador, ninguém, indicou uma família sequer. Quem nos procurou foi apenas quem ouviu o carro de som. A raiva desses caras hoje é porque eles viram que você entregar cinco quilos de carne a uma família é algo de muito importante, na cabeça deles, para se angariar votos. Eles esperavam que a gente dissesse ‘vereador, o senhor vai indicar tantas famílias’. Eles estão me atacando direto em cima dessa questão, mas fizemos a prestação de contas e estamos aguardando aprovação da Conab”, pontuou.

Sobre o fato de ter assinado, como presidente da Cubape, o documento para beneficiar as famílias, Pedro também assegurou não ver problemas. Ele explicou que a entidade não tem fins lucrativos e, quando foi convidado pelo prefeito Miguel Coelho no ano passado para ocupar uma diretoria em seu governo, procurou os advogados da Cubape para saber se haveria empecilhos. “Eles disseram que eu poderia ser presidente e assumir cargo comissionado, sem nenhum problema”, disse Pedro.

O líder comunitário, no entanto, preferiu se afastar por tempo indeterminado da Cubape. Ocorre que a sucessora de Pedro na entidade também pediu o desligamento da presidência no final do ano passado, devido a problemas familiares. Ele, então, decidiu reassumir a Cubape. Pedro esclareceu que é servidor concursado da prefeitura e recebe apenas uma gratificação de diretor no atual governo. “Eles querem fazer dessa questão um cavalo de batalha, mas estou tranquilo”, concluiu.