Dificuldades não tiram foco da Associação Juazeirense de Basquete em busca do sonho da NBB

por Carlos Britto // 23 de abril de 2018 às 13:31

A paixão pelo basquetebol uniu um grupo de amigos em Juazeiro (BA) com a missão de superar obstáculos para alcançar um sonho: chegar à NBB, a liga oficial do Campeonato Brasileiro de basquete. A primeira etapa dessa batalha já foi dada há dois anos.

De acordo com Maurício Santana Osório, presidente da Associação Juazeirense de Basquete (AJB), a entidade surgiu com o objetivo de difundir o esporte no Vale do São Francisco. Nesse período, a AJB já conta com 35 associados (ou abnegados), que querem ir muito longe. Essa turma, por sua vez, está conseguindo mobilizar cerca de 300 pessoas para o esporte. Contudo, a maioria não tem sequer condição de arcar com uma pequena taxa mensal, de até R$ 15,00, para pagar o transporte do técnico da equipe.

Enfrentando as velhas dificuldades que atingem o esporte amador na região, como a falta de apoio do empresariado e do poder público, a associação, mesmo assim, conseguiu montar duas equipes. Uma é considerada a principal, com atletas mais experientes; a outra, formada por jovens talentos com potencial para se destacarem como grandes profissionais.

Sem a devida logística, a AJB conseguiu participar no ano passado de quatro zonais do Campeonato Baiano – Juazeiro, Campo Formoso, Jacobina e Senhor do Bonfim. Numa dessas etapas, a equipe chegou a conquista uma das etapas, de forma invicta, mas não teve fôlego para as demais.

No último final de semana, a associação teve mais um desafio pela frente, com a Copa Sertão Ouricuri, e novamente a equipe encarou um cenário de dificuldades que já virou uma rotina. “Dormimos em escolas, cada levando seu colchonete. Como o mínimo que arrecadamos é para o transporte, a gente arrecada com cada atleta um quilo de alimento. Aqueles com mais condição compra uma carne ou calabresa. E quem tem esposa que se torna parceira da associação a gente leva para cozinhar para os atletas”, explicou Maurício.

Nos próximos dias 4 e 5 de maio será a vez da Copa Ouro em Jacobina, e essa mesma rotina deverá se repetir. Para o assessor de comunicação Wagner Linhares, que se incorporou ao grupo em junho de 2017, após convite feito por Maurício um ano antes, enquanto o Interior não mudar a mentalidade em relação às regiões metropolitanas, o esporte amador ainda enfrentará muitas agruras para evoluir. “A gente perceber que na medida em que o esporte vai saindo das capitais e indo para o Interior, o nível de conscientização sobre apoio vai diminuindo”, lamenta.

Abnegação

Se os desafios seriam suficientes para desanimar, no grupo não falta a principal virtude para ir em frente: a abnegação pela causa. Maurício, por exemplo, é do quadro da Polícia Militar da Bahia (PMBA), enquanto Wagner é geólogo por formação. Na semana passada, juntou-se a eles o jovem Álefe Carvalho de Oliveira, de 21 anos. Ele veio participar da competição em Ouricuri, mas tem o sonho de fazer o curso de Nutrição na Univasf.

Por enquanto suas despesas estão sendo mantidas pela AJB, mas Álefe acredita no basquete não apenas por ser apaixonado pelo esporte, como também pelas chances de se inserir no mercado de trabalho. É nisso que Wagner também acredita. “Claro que o patrocínio em cash é importante, mas precisamos disseminar por aqui essa cultura de ter um funcionário que também seja atleta”, pontuou.

A meta da associação é ousada. Inicialmente a briga é para ficar entre os três do campeonato baiano, que tem o Vitória como o grande adversário. Para se ter uma ideia, o clube baiano tem até atleta convocado para a seleção brasileira. Depois, a AJB participará de mais outras três competições até chegar, em um prazo de seis a oito anos, à NBB – começando pela segunda divisão até o acesso à elite.

AJB reúne experiência com jovens talentos

Plano de negócios

Pela falta de estrutura, a entidade esportiva ainda tem a residência de Maurício como sede improvisada. Mas o grupo já busca uma forma de tornar a AJB a mais transparente possível, inclusive com a formalização de um CNPJ. A partir disso, segundo Wagner, a ideia é fazer um plano de negócios para captar recursos junto ao empresariado, seja no tête a tête, ou através de uma rede de solidariedade via mídias sociais. “Precisamos de R$ 20 mil para o campeonato baiano. Então a gente vai fazer esse plano de negócios, um vídeo e lançá-lo para ver se a gente capta recursos dessa forma”, finalizou.

Quem quiser ajudar ou saber um pouco mais sobre a AJB, pode entar em contato com o número (74) 98818-4982 (Maurício), ou acessar www.facebook.com/AJBask.

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