Desenvolvida pelo IRPAA no norte da Bahia, prática de recaatingamento recebe premiação em Brasília

por Carlos Britto // 20 de junho de 2018 às 09:01

IRPAA recebe premiação do BNDES, em Brasília. (Foto: Divulgação)

O Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA) recebeu uma premiação, em Brasília, na última segunda-feira (18), por uma experiência com recaatingamento em vários municípios no norte da Bahia. A experiência teve início ainda em 2009, quando sete comunidades de Fundo de Pasto nos municípios de Canudos, Casa Nova, Curaçá, Sobradinho, Sento Sé, Uauá e Juazeiro, deram início à prática. Nos anos seguintes, o projeto chegou a outras comunidades nos municípios de Pilão Arcado, Remanso e Campo Alegre de Lourdes.

O recaatingamento foi um dos vencedores do Prêmio BNDES de Boas Práticas para Sistemas Agrícolas Tradicionais. A cerimônia de entrega aconteceu na Sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A premiação é uma iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Embrapa e Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO/ONU).

Visibilizar, fortalecer e apoiar as práticas de salvaguarda e conservação dos Sistemas Agrícolas Tradicionais (SAT) desenvolvidas a partir da sustentabilidade das comunidades tradicionais, dos seus saberes e suas tradições são alguns dos objetivos do prêmio que concedeu ao recaatingamento o quinto lugar na premiação. O IRPAA recebeu o valor R$ 70 mil referente ao prêmio, que será aplicado em investimento para as 11 áreas de recaatingamento hoje existentes no Território Sertão São Francisco.

Representantes do IRPAA e das comunidades premiadas estiveram na cerimônia da premiação. “Ganhando esse prêmio, as comunidades do recaatingamento passam a se fortalecer e acreditar mais no trabalho, que é de grande importância para as comunidades tradicionais de Fundo de Pasto. A gente acredita que vem a fortalecer a união das pessoas”, avalia o colaborador do IRPAA Agostinho Pereira, que também esteve presente na solenidade de entrega do prêmio.

Reconhecimento

Reconhecido nacionalmente, o recaatingamento é umas das 15 iniciativas premiadas. O primeiro lugar foi para a Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais (AMTR), do Lago do Junco (MA); em segundo lugar ficou a Associação dos Produtores Rurais de Vereda, de Matias Cardoso (MG); em terceiro, a Associação dos Remanescentes de Quilombo de São Pedro, de Eldorado (SP); e na quarta colocação, a Associação Comunitária Rural de Imbituba, de Imbituba (SC).

Início

O recaatingamento é uma metodologia de recuperação de áreas degradadas no semiárido, que nasceu da observação e inquietação das comunidades rurais, principalmente das mulheres. O projeto busca contribuir para inverter a devastação e processos iniciais de desertificação da caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, a partir do uso sustentável de seus bens naturais, da conservação e recomposição da caatinga, da educação ambiental, contextualização e do beneficiamento dos frutos do bioma, tendo as agricultoras e agricultores como protagonistas pela transformação socioambientais de suas comunidades. Diante dessa nova concepção, as comunidades de Fundo de Pasto incorporam no seu jeito tradicional de viver a defesa da ‘Caatinga em Pé’, como forma de garantir sua sustentabilidade e o equilíbrio entre o ser humano e a natureza.

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