Cem dias, o que mudou?

por Carlos Britto // 13 de abril de 2009 às 09:30

Chegamos aos cem dias dos novos administradores municipais.

Em Petrolina e Juazeiro os dois novos prefeitos foram eleitos amparados em novas propostas e em diferentes caminhos.

Falou-se em novos conceitos administrativos, gestão qualificada, administração sem vícios, paradigmas quebrados e equipes qualificadas, preparadas e profissionais. Não haveria lugar para arrumadinhos, para os amigos e investidores, licitações viciadas, improvisos e retrocessos de nenhuma ordem.

Isso mudou ou continua igual?

Afora o ufanismo dos apaixonados e dos comissionados chega à hora da reflexão de como têm se portado as administrações. Coloco não como uma oportunidade de críticas veladas, politiqueiras, preconceituosas, mesquinhas e travestidas de qualquer ranço político, mas como oportunidade de avaliação de cada um de nós aqui nesse espaço.

É claro que os novos prefeitos receberam uma prefeitura com débitos e quem no Brasil não recebeu? E não vale dizer que o problema é maior do que se pensava, que os recursos são escassos, que falta médico, remédio, emprego, sala de aula decente, recursos para obras e merenda na escola.

Isso não é um problema que a comunidade tem que resolver e sim o seu prefeito. É ele quem tem que se virar, que criar alternativas, que buscar as soluções e fazendo isso não estará fazendo favor nenhum. É sua obrigação como empregado do povo, cargo para o qual se candidatou, investiu e venceu a eleição.

A prefeitura não é um presente pessoal. É uma oportunidade para que o político da campanha vire administrador e se transforme num executivo com a qualidade que sua comunidade merece e precisa.

Na verdade penso mesmo que político em geral gosta mesmo é da campanha. O clima que se coloca ali é mesmo contagiante e sedutor. Ao contrário do exercício do poder que vem com ônus pesadíssimos, responsabilidades e cobranças monumentais e essa parte é terrível.

Mas apesar da boa vontade dos prefeitos de Petrolina e Juazeiro, do pouco tempo de governo e do tempo que temos que dar ainda para que arrumem a casa não podemos negar a falta de ritmo e afinação.

Se os prefeitos das duas cidades merecem ainda todo o nosso crédito e confiança, é preciso que afinem suas equipes e imprimam os seus ritmos. É hora de cortar a vaidade de certos deslumbrados da equipe e fazer com que percebam que a comunidade que lhes confiou o voto espera que a equipe tenha o propósito de servir e não de se servir.

É tempo de saber que o oba-oba da campanha acabou. Que o pão e o circo têm que dar lugar ao trabalho, as realizações, aos projetos modernos, criativos e que foquem o bem comum da comunidade.
Já cobrei aqui postura e precedência, quando vi e ouvi que prefeito tem que andar igual ao povo (mangas de camisa). Não sabem que melhor que andar em campanha 24 horas por dia o importante era entender o tamanho da responsabilidade, estar à altura do cargo, da importância da nossa cidade e não de lugarejos atrasados.

Protocolo, precedência e cerimonial são regras oficiais, uma obrigação, e não uma decisão de meros desinformados que adoram agradar ao chefe ou de chefes que se achem acima de regras, etiquetas e decoro.

Passaram-se cem dias e o velho discurso de culpar o passado pela letargia do presente não cabe mais. Petrolina e Juazeiro não podem ser governados pelo retrovisor, pois o futuro é agora e as cidades têm pressa!

Se avanços aconteceram, não vimos. Apenas testemunhamos ações corriqueiras e passos tímidos mesmo para apenas cem dias. A imprensa tem respeitado esse tempo, mas a comunidade começa a dar evidentes sinais de insatisfação e cansaço.

São ainda cem dias. Ratifico a esperança e apoio nos novos projetos e na vontade das novas administrações em fazer o melhor. Petrolina e Juazeiro confiam nesse desejo e a comunidade anseia por isso.

Essa confiança, esse desejo, essa vontade de acertar é a esperança que arde em calor para toda nossa gente.