Bloco ‘Quem Disse que a Gente Não Vinha’ quer aproveitar Carnaval de Petrolina para alertar sobre violência contra mulher o ano inteiro

por Carlos Britto // 24 de fevereiro de 2017 às 17:23

Carnaval é irreverência e animação, mas também pode ser sinônimo de conscientização. Há oito anos o Bloco ‘Quem Disse que a Gente Não Vinha’ carrega essa proposta para as ruas de Petrolina, no intuito de chamar atenção dos foliões para a violência contra as mulheres, problemática cada vez mais preocupante em todo o país. Este ano não vai ser diferente.

O bloco desfilará na abertura dos Festejos de Momo da cidade, que acontecerá neste sábado (25). A concentração dos participantes será às 16h, na Praça Maria Auxiliadora. Em seguida, às 17h, eles percorrerão as ruas de Petrolina em direção ao centro histórico, na Praça da 21 de Setembro – tradicional foco do Carnaval petrolinense – ao som da orquestra Metais de Ouro.

De acordo com a secretária municipal executiva da Mulher e Acessibilidade, Talita Andrade, durante todo o percurso do bloco os integrantes distribuirão panfletos e mostrarão faixas alusivas ao combate à violência de gênero. Ela explica que esse planejamento, que começou em janeiro, não é apenas para o Carnaval, mas para o ano inteiro.

O bloco sairá apenas no sábado, mas durante os quatro dias de festa a Secretaria de Desenvolvimento Social terá um estande no Polo Centro, onde serão distribuídos mais panfletos sobre o tema. “A gente entende que a conscientização e a educação da população são fundamentais para que as mulheres fortaleçam seus direitos e que todos compreendam que agressão é crime”, ponderou. Embora a maioria dos integrantes do ‘Quem Disse que a Gente Não Vinha’ seja de mulheres, a agremiação está aberta a qualquer cidadão. As expectativas de Talita, inclusive, são de que o número de participantes supere o ano passado, quando o bloco levou às ruas cerca de 800 pessoas.

Maria da Penha

A coordenadora regional/Núcleo Sertão do São Francisco da Secretaria Estadual da Mulher, Normeide Farias, explica que essa parceria entre Estado e município ganha destaque em períodos festivos tradicionais, a exemplo do Carnaval. Esse trabalho faz parte justamente de uma das campanhas, “Violência Contra a Mulher é Coisa de Outra Cultura”. Ela fez questão de destacar o diferencial deste ano, quando – além da Secretaria Executiva da Mulher – a Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Esportes também abraçou fortemente a causa. E não é à toa. A Pasta é comandada por Maria Elena Alencar, uma das defensoras mais ferrenhas dos direitos das mulheres em Petrolina.

Normeide também destaca o apoio do 5° Batalhão de Polícia Militar (BPM) e o engajamento nessa causa de outros segmentos da sociedade, a exemplo de ONGs, sindicatos e instituições de ensino locais. Ela lembra que o assassinato de mulheres em Petrolina preocupa bastante. Em 2015, dez delas foram mortas, mesmo número do ano passado. Por esta razão, Normeide ressalta a importância da Lei Maria da Penha, criada em 2006, que veio para garantir os direitos das mulheres e punir com rigor seus agressores.

Ela acredita, inclusive, que o aumento no número de denúncias sobre violência de gênero tem mais a ver com a mudança de mentalidade das mulheres do que com o fato de os homens terem perdido o medo da lei. Normeide ressalta ser importante quebrar de vez a concepção machista e patriarcal de décadas passadas, quando as mulheres aceitavam passivamente ter seus direitos violados. “Elas precisam cada vez mais enfrentar o medo e procurar as autoridades para denunciar essas agressões”, completou.

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