Audiência sobre dupla função de motorista nos ônibus de Petrolina rende muita discussão na Casa Plínio Amorim, mas cautela prevalece

por Carlos Britto // 14 de setembro de 2016 às 06:58

onibus-lotado2Pelo que se viu ontem (13) na Casa Plínio Amorim, durante audiência pública que discutiu a regulamentação da dupla função do motorista nos ônibus da área urbana de Petrolina, o assunto ainda promete muito pano para mangas. Houve até bate-boca entre o vereador Ronaldo Cancão (PTB), que propôs a audiência, e participantes do evento, que queriam espaço para falar no plenário.

Convidados para o debate, representantes do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo de Passageiros (Setranvasf), da prefeitura e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) compareceram à Casa. Já da parte do Ministério do Trabalho e do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Petrolina (Sinttrop) não enviou ninguém.

Atualmente em Petrolina já rodam 21 ônibus sem a presença da figura do cobrador, ficando a cargo do motorista exercer a função. Segundo Josicléa Rodrigues, o número ideal seria 28. Justificando que as empresas de ônibus admitem que a tarifa na cidade é cara e que 50% do arrecadado são destinados à folha de pagamento dos funcionários, Josicléa argumentou que essa foi a forma encontrada para não repassar os custos aos usuários do transporte coletivo. Ela lembrou ainda que em algumas capitais do país e em cidades de Pernambuco, a exemplo do Recife, Caruaru e Garanhuns, já adotam o novo modelo.

“Os motoristas tiveram 10% de reajuste nos salários e no final do ano a tarifa de ônibus vai ser novamente reajustada. Não achamos justo repassar para a população, e a otimização dos custos foi a forma que encontramos”, explicou.

Demissões

Mas os que veem a medida com reservas justificam um outro lado da moeda: as demissões provocadas pela dupla função do motorista nos ônibus. “Queremos manter o que já está”, disse o vereador Geraldo da Acerola (PT), autor do projeto de lei que pretende garantir a função do cobrador.

Responsável pela autorização de mudanças no sistema de transporte público da cidade, a Autarquia Municipal de Mobilidade de Petrolina (AMMPLA) também é cautelosa sobre o assunto. Segundo o diretor-presidente, Ryan Pedro, as linhas nas quais os ônibus estão operando sem a presença do cobrador foram devidamente analisadas, antes de ser aprovadas. Apesar de revelar que o Sinttrop assinou o acordo quanto ao novo modelo, Ryan argumentou que o assunto precisa ser tratado com todo o cuidado que requer. “Não podemos cometer erros, nem por excesso nem por falta de informações”, ponderou.

Desde quando o projeto de Geraldo da Acerola deu entrada na Casa, no final do primeiro semestre, mais de 10 mil assinaturas contra a extinção do cobrador já foram feitas por usuários do sistema, em vários bairros de Petrolina. Segundo Cancão, o setor jurídico do Legislativo fará um relatório sobre as discussões de ontem e encaminhará à Presidência da Casa, que enviará às comissões.

Audiência sobre dupla função de motorista nos ônibus de Petrolina rende muita discussão na Casa Plínio Amorim, mas cautela prevalece

  1. Cego às avessas disse:

    Como já disse aqui várias vezes, o poder público não pode ficar se intrometendo na administração das empresas. Se elas querem demitir por achar que os cobradores estão sendo onerosos para as finanças da empresa, que demitam! É triste ver pessoas ficarem desempegadas, mas é assim que funciona o mercado. Quem quiser a permanência dos cobradores que pague a passagem pelo preço que a empresa julgar como suficiente para cobrir o gasto com pessoal! Simples de resolver não?

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