Artistas desocupam Centro de Cultura João Gilberto e divulgam carta aberta à população

por Carlos Britto // 07 de março de 2017 às 14:00

Centro de Cultura João Gilberto, e Juazeiro. (Foto: Reprodução)

O grupo de artistas que ocupava o Centro de Cultura João Gilberto, em Juazeiro (BA), desde a última quinta-feira (2) deixou o local no final da tarde de segunda-feira (6). Também ontem, eles tiveram uma reunião com representantes da Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes do município.

De acordo com informações, os salários dos trabalhadores que prestam serviço ao Centro de Cultura e ameaçavam cruzar os braços começaram a ser pagos.  Os artistas também pediram a nomeação de um novo gestor (a), bem como melhorias na estrutura do Centro cultural. Eles ainda exigem que o governo do Estado dê assistência e mantenha o teatro em funcionamento permanente. A secretaria de Cultura de Juazeiro deve intermediar as negociações.

Numa carta aberta divulgada à população, eles explicam todos os motivos da ocupação, da desocupação e fazem reivindicações. Além disso, dizem que “encontram-se atentos a qualquer tentativa de inviabilidade da permanência da casa aberta para a realização dos espetáculos e eventos culturais.

Acompanhe a carta, na íntegra:

Levando em consideração a notoriedade alcançada na imprensa pelo Movimento de ocupação do Centro de Cultura João Gilberto, denominado Casa Aberta! iniciado no dia 02 de março de 2017,por volta das 19h, a Equipe de Coordenação do Movimento, vem por meio dessa carta aberta informar à sociedade e a quem mais possa interessar a trajetória e desfecho da ocupação.

Na referida data acima citada, cujo o movimento teve suas atividades iniciadas, encontravam-se na área externa do Centro de Cultura João Gilberto, cerca de 30 (trinta) artistas representantes de Coletivos artísticos, músicos, produtores de companhias de teatro e dança, entre outros segmentos artísticos que na ocasião, encontravam-se prejudicados por terem suas atividades interrompidas em decorrência da falta de segurança no teatro.

É sabido que esses artistas já vêm ao longo dos anos desenvolvendo suas atividades formativas e de montagem de espetáculos de forma ininterrupta, alguns com projetos estruturantes como é o caso do Projeto Teatro Escola. Mas o estopim para o processo de ocupação foram as constantes ameaças da não regularidade de funcionamento do espaço, a cobrança de uma taxa para utilização das salas multiuso, a ameaça de fechamento do teatro, o não pagamento dos servidores terceirizados, principalmente dos trabalhadores que fazem a segurança e o descaso da gestão atual com o Centro e no trato com os produtores culturais que nele atuam.

Partindo dessas premissas, o Movimento de forma legítima e pacífica, uma vez que seu principal objetivo é zelar pelo bom funcionamento e a melhoria das instalações do teatro, ampliou o processo de ocupação passando também a se instalar na área interna. Durante o período de ocupação do Movimento Casa aberta, que durou cerca de 05 (cinco) dias, foram elencadas em assembleia do grupo gestor do movimento e artistas ocupantes com os Deputados Roberto Carlos e Crisóstomo Lima (Zó), Presidente do Conselho Estadual de Cultura Márcio Ângelo Ribeiro, representantes da Secretaria Municipal de Cultura Sérgio Fernandes, Representante da Diretoria de Gestão e Dinamização dosEspaços Culturais da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, Representante Territorial de Cultura Alan Alves e órgãos da imprensa local, as prioridades que foram reivindicadas, sendo as seguintes:

1. Retomada imediata do funcionamento regular do espaço garantindo:
• Nomeação de uma nova gestão para o espaço indicada pelos artistas;
• Segurança e manutenção do espaço;
• Uso das salas sem custos para os grupos;
• Ensaio Geral com climatização;
• Revisão da tabela de locação do espaço;
• Revisão da política de distribuição das receitas arrecadas pela casa;
• Contratação imediata de porteiros, Bilheteiros, Técnicos, Assistentes de palco, Assistente de camarim, Serviços Gerais e Auxiliares Administrativos.
2. Instituição imediata do conselho de gestão participativa.
3. Restauração da sala principal com:
• Novo sistema de climatização;
• Melhoramento e instalação do equipamento de som e iluminação;
• Melhoramento do equipamento audiovisual;
• Melhoramento do isolamento acústico;
• Aquisição de um projetor de Led;
4. Abrir processo de licitação para ocupação da cantina (Café Teatro)
5. Restruturação do espaço do Memorial.
6. Reforma do Teatro de Arena.

Desde sua inauguração em 1986, o Centro de Cultura João Gilberto, tem se consolidado como um dos mais importantes espaços de promoção da cultura e da arte no interior do Estado da Bahia, sendo o único espaço equipado para atender o Território de Identidade do Sertão do São Francisco. Em virtude desse referencial, se torna inadmissível qualquer tipo de ameaça de fechamento ou de não regularidade de seu funcionamento. Importante lembrar que, a comunidade artística que desenvolve suas atividades nos espaços (sala principal, arena, foyer, salas multiuso, pró-memória, etc.) do Centro de Cultura João Gilberto encontra-se a partir desse primeiro movimento de ocupação, atentos a qualquer tentativa de inviabilidade da permanência da casa aberta para a realização dos espetáculos e eventos culturais.

A Coordenação

Dvilles
Elder Ferrari
Dima Matos
Marcos Velasch

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