Artigo: Nos 512 anos do Velho Chico, Vitório Rodrigues levanta hipóteses sobre surgimento do rio

por Carlos Britto // 04 de outubro de 2013 às 11:00

CANION SFEm comemoração aos 512 anos do Rio São Francisco (conhecido, entre outras alcunhas, como o ‘Rio da Integração Nacional’), o ambientalista e comunicador social Vitório Rodrigues nos envia um artigo no qual comenta as hipóteses que poderiam ter dado origem ao Velho Chico.

Confiram:

O que sabemos verdadeiramente sobre o surgimento do Rio São Francisco?

Pouco se sabe sobre o surgimento do Rio São Francisco, mas se dermos um mergulho no passado, veremos que, segundo os estudos dos últimos 65 milhões de anos, o Planeta Terra tomou forma de casco de tartaruga ou de bola de futebol. Na sua parte mais externa é tudo dividido em placas flutuantes, chamadas de Placas Tectônicas, as quais se movimentam constantemente.

A nossa, por exemplo, é a placa sul-americana, que continua se afastando da placa africana a uma velocidade de três centímetros por ano, enquanto a placa de Nazca está mergulhando por debaixo dela, a uma velocidade de dez centímetros por ano. E tudo isso começou há 65 milhões de anos. São pressões astronômicas. Será que a explicação não está aí? Com esses movimentos poderá ter havido uma fissura, e daí o surgimento da calha principal do rio São Francisco, e pelo processo erosivo pode ter ocorrido o aparecimento de seus afluentes. Ou será que todos eles surgiram por meio do processo erosivo? E, se foi, como se explica o formato do cânion sanfranciscano que, a grosso modo, dá uma impressão que ocorreu uma fissura na Terra durante as eras geológicas, dando caminho ao nosso Velho Chico?

É claro que estamos apenas fazenda suposições. Quem tiver outras explicações mais convincentes, por favor, fique à vontade. Fizemos esse caminho do passado para o presente apenas para apresentar nosso pensamento hipotético, uma vez que o mundo acadêmico aparentemente não tem se preocupado com esse assunto. A preocupação tem sido apenas com a história do seu “descobrimento”.

Por esses e outros motivos, Vicente Licínio Cardoso sugere que Euclides da Cunha, ao falar do vale do amazonas: (terra sem história), encantado com aquele ambiente, um verdadeiro mundo em formação deveria ter dito também quando esteve num trecho de terras voltadas para o São Francisco: “o São Francisco é um rio sem história”.(5) Uma frase que define nossa ignorância, falta de responsabilidade e compromisso com aquilo que Deus nos deu inteiramente de graça”.

“Rio sem história… porque, de fato não há história sem sequência e do povoamento e penetração do Vale do São Francisco, ficaram-nos apenas depoimentos isolados, dados escassos ou detalhes insignificantes (…), rio sem história. De fato não há como segui-la no emaranhado desconexo de dados isolados, sem datas que se superponham ou referências que se completem (…).

De fato, o único mapeamento completo já feito no rio São Francisco foi o de Fernando Halfeld, entre 1852 e 1854, de Pirapora até a foz, tipografado em 20 de julho de 1858 na Tipografia Moderna de George Bertran, na cidade de Paraibuna (Rio de Janeiro). As demais histórias que são contadas em diversos documentos, na sua maioria deixam muito a desejar. Cada um conta de um jeito por falta maior de informações. Por isso concordamos com Licínio Cardoso.

Achado pelo homem branco (Américo Vespúcio e André Gonçalves) no dia 04 de outubro de 1501, construiu-se uma história cheia de muitos tropeços e poucas superações. Mesmo assim, parabéns, Rio São Francisco!

São 512 anos de degradação e muito sofrimento, mas tem conseguido sobreviver.

Vitório Rodrigues de Andrade/Lic. Plena em Geografia/Comunicador Social-Petrolina – PE

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