Artigo do leitor: Será que nossa juventude está perdida?

por Carlos Britto // 18 de abril de 2014 às 11:35

Neste artigo enviado ao Blog, o leitor Rogério Espíndula comenta um novo tipo de ‘rolezinho’ que um grupo de adolescentes de São Paulo resolveu fazer (que ficou conhecido como ‘Rolezinho do Sexo’), põe a culpa nos próprios pais e nas instituições por esta situação e acredita que ainda dá tempo de orientar os nossos jovens.

Confiram:

Um grupo de adolescentes resolveu marcar um rolezinho diferente. Em vez de ir ao shopping ostentar roupas de marca e ouvir funk, eles querem ir a um parque fazer sexo e usar drogas. Se quando eles tentaram fazer parte da sociedade de consumo, os adultos já ficaram incomodados, imagina como estão se sentindo agora que o que eles querem mesmo é fazer parte de algo que não tem ligação nenhuma com a sociedade. Por que é que isso choca tanto os adultos?

Adolescentes são impulsivos e vivem em um mundo fechado. Aqui ou em qualquer lugar do mundo. É como se, pela primeira vez, os adultos olhassem por uma frestinha de porta aberta para essa realidade. Mas, espera aí, esses jovens não foram criados por lobos e jogados só agora no nosso mundo. A realidade dos adolescentes é só uma réplica do mundo dos adultos. Eles foram criados e ensinados por adultos. E talvez seja isso o que mais choca: nossa incompetência.

A culpa de tudo isso não é das letras dos funks, nem da TV que mostra absurdos. É desses mesmos adultos que estão chocados. É dos pais que não conversam com os filhos sobre sexo. Das religiões que preferem tornar o assunto algo proibido a sentar com adolescentes e tirar suas dúvidas, explicar consequências físicas – não, eles não têm medo de ir para o inferno.

Adolescentes foram crianças que tinham a TV como babá, com pais muito ocupados tentando sobreviver. Foram criados ouvindo absurdos entre os adultos, passaram pela sexualização precoce que nossa sociedade parece ignorar e então seus hormônios começaram a agir. Eles têm tesão e isso não é culpa deles. A questão é que eles não sabem bem o que fazer com esse tesão e acreditam que a única forma de lidar com isso é seguindo os desejos. Essa é uma geração que foi ensinada que merece ser feliz, a qualquer custo. E eles estão seguindo esse ensinamento.

Todos nós fomos adolescentes e fizemos algumas escolhas erradas. Nada que acabasse com as nossas vidas, mas fizemos. E sobrevivemos, estamos aqui e, ao olhar para o passado, notamos como isso nos moldou. Todos passaram e passarão por isso, não adianta tentar mudar o fluxo das coisas. As descobertas são parte da vida. E não é como se fosse a primeira vez que um grupo de jovens reverencia sexo livre e drogas, basta lembrar dos anos 70.

O rolezinho do sexo não choca pelas drogas. Ninguém é cínico o suficiente para dizer que não sabia que esses jovens usam drogas. O rolezinho choca porque adolescentes estão lidando com o sexo de forma leviana para os padrões dos adultos. Eles estão tornando o sexo algo simplesmente físico e isso choca – e já chocava quando eu era adolescente e vai chocar quando meus filhos forem adolescentes.

A sociedade deveria ficar chocada, na verdade, com a falta de atenção que esses adolescentes recebem, com a TV sendo usada como babá, com os pais que não conversam sobre sexo com os filhos, com as religiões que reprimem e calam, com a nossa sociedade que sexualiza mulheres em todas as idades, com os padrões de beleza e sucesso que nos são impostos – sim, o sexo é um valor ligado ao sucesso. No fundo, as pessoas não estão chocadas com o sexo, mas com sua incapacidade de controlar esses adolescentes.

A nossa juventude não está perdida, ela só está testando nossos limites. Perdida mesmo, nesse momento, está a sociedade dos adultos. Pensem nisso senhores pais. Mas pensem com muito carinho e atenção, para que amanhã não perca o seu bem precioso que se chama FAMÍLIA.

Rogério Espíndula/Leitor

Artigo do leitor: Será que nossa juventude está perdida?

  1. Marivaldo disse:

    A TV como babá está ficando para trás! Os pais atuais estão presenteando para seus filhos aparelhos para games, telefonia e internet e estão transformando os mesmos nos “Perfeitos Idiotas da Classe Média Brasileira!”

    1. cacia disse:

      Boa mesmo Marivaldo.!! Essa é uma geração de alienados, os pais não têm controle de nada nos tempos de hoje os filhos fazem o que querem a falta de limites é total e a igreja não têm culpa da descaração que está aí,fui adolescente nos anos 70 e nunca precisei me drogar, e não existia jovens batendo em professor nas escolas e em casa nos país ,como nos tempos atuais vejo até crianças batendo na mães, fim de mundo, jovem hoje pode tudo roubar, matar , se drogar, votar, casar etc. só não pode ser preso me poupem pare o mundo que eu quero descer.! !

  2. A+B=C disse:

    Cara eu concordo em partes: Concordo quando você diz que a TV tem sido “Babá” de muitas crianças e que devemos conversar com os filhos pois ( Acrescento ) ” Quando os Pais não ensinam, o mundo ensina e ensina tudo errado”.
    Discordo quando diz que a Tv, funk não tem culpa e como você mesmo disse: Mostram Absurdos” isso é um Paradoxo???
    Programas de tv que mais ensinam que Traição, Sexo na Adolescência, Drogas, Rebeldia e Desafeto com os Pais e Avós são “NORMAIS”. Isso é certo, não tem culpa???
    Por outro lado vejo que a culpa “TAMBÉM” é dos pais que não ensinam, não impõem limites, não têm tempo para os filhos e sim pra a curtição e trabalho.Mas não excluo a culpa da TV e MUSICAS que muitas das vezes conduz a sua filha a dançar algumas coisa que chamam de dança quando na realidade ta mais pra uma demonstração de sexualidade, sensualidade e quem sabe ate uma “AMOSTRA” grátis do que fazer na cama.
    Não se deve culpar a igreja seja ela qual for pelos desvio de comportamento causados por erros dos pais e Cia. A Igreja é lugar de adoração e pode sim ser ensinado algo da vida porém transferir a culpa pra igreja é nada mais nada menos uma prepotência tremenda!
    Finalizo dizendo que você deve rever seus conceitos e dá a césar o que é de césar!

    1. Aparecida disse:

      Verdade, A+B=C. E adiciono que todos esses males provém da busca desenfreada pelo ter e da desestruturação das famílias, porque os filhos ficam reféns da tecnologia devido aos pais não estarem em casa para lhes passar os valores. Ou se estão, não possuem o entendimento de moral. Uma sociedade sem moral, tende a destruição…

    1. re26 disse:

      Aparecida, eu nunca mencionei que o artigo é meu, somente postei porque precisamos SIM discutir o que nele está escrito brilhantemente por Carol Patrocínio e fiquei feliz ao ler os diversos comentários feito por Rafael, A+B=C, Marivaldo e também por você. Aproveito para pedir ao Carlos Britto que repita esse artigo semana próxima pois muitos leitores viajaram.

  3. Rafael disse:

    “É dos pais que não conversam com os filhos sobre sexo. Das religiões que preferem tornar o assunto algo proibido a sentar com adolescentes e tirar suas dúvidas, explicar consequências físicas – não, eles não têm medo de ir para o inferno.”

    E desde quando sexo leva alguém para o inferno? o que leva as pessoas para o inferno são coisas ruins, logo se sexo fosse ruim não geraria vida!

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