Artigo do leitor: “Quem é voluntário em servir ao Exército Brasileiro?”

por Carlos Britto // 16 de abril de 2017 às 17:35

Neste artigo enviado ao Blog, o leitor Antonio Damião Oliveira da Silva relembra o orgulho de anos passados em servir ao Exército Brasileiro, que hoje ele não tem certeza se os jovens de hoje pensam da mesma forma. Esse tempo ficou tão marcado que Damião está comemorando o fato de sua turma (de 1987) promover um reencontro, após longos 30 anos.

Confiram:

Quem é voluntário em servir ao Exército Brasileiro? Talvez seja uma pergunta simples e apareçam apenas algumas pessoas se voluntariando para o ofício. Mas, no tempo em que prestei o serviço militar era uma disputa acirrada em busca de uma vaga. Naquela época, colocar no corpo uma indumentária com as cores representativas do nosso Exército e andar pela cidade era sinônimo de orgulho e tremenda satisfação. Não sei hoje como estão os brios de nossos jovens em relação às nossas forças armadas.

Aquele tempo a gente nunca esquece. Pode passar anos e anos, todavia as lembranças continuam vivas em nossa mente. Todos nós, aqueles que eram selecionados, entravam com um desejo ardente de portar um fuzil. Contudo, no início vêm os espinhos: As ordens dos superiores hierárquicos, a disciplina, ordens unidas todos os dias, desfilar obedecendo ao toque das cornetas, fardamento alinhado e impecável, cabelo cortado de acordo com o padrão, faxina do alojamento e adjacência do quartel, instruções, andar em fila, e horário para tudo. Ali aprendemos a importância do tempo e percebemos quão importante são os minutos, os segundos e as horas.

É um aprendizado que cada pessoa leva para a posteridade e coloca em prática em sua vida particular. Os princípios da ética e da moral são uma lição de vida, uma experiência marcante. As canções militares que objetivavam provocar em nós autoestima, entusiasmo, alegria e honra em servir à pátria amada são inesquecíveis. Poderia acrescentar muitas coisas do nosso dia a dia do quartel, porém a margem é pequena. No desfile do dia 07 de setembro a gente rachava o chão com tamanha vibração. Cada soldado e comandante fazia o seu melhor.

Os acampamentos, pista de rastejo, sobrevivência na caatinga, adversidade à noite, estande de tiro, construções de tocas (buraco para esconderijo), treinamento na água, armadilhas, granadas de luz, transformando as trevas da noite em luz do dia, a importância dos cactos (elementos de sobrevivência em período de seca e escassez de água) e, além de disso, receber orientações como se portar frente a frente com o fogo inimigo marcou nossas vidas como infantes.

Entretanto, nem tudo era um mar de dificuldades. A turma também se divertia muito com as coisas engraçadas que aconteciam no período da caserna. As “bisonhadas dos colegas”, termo militar que significa erros, falhas no cumprimento do dever e da missão. Sujeito que sempre está alheio a tudo o que acontece e ignorante a todas as atividades desenvolvidas. Algumas figuras carimbadas jamais esqueceremos. São os chamados “raros”, militar que sempre está aprontando alguma, alvo constante de punição e férrea disciplina. Alguns nomes: Holanda, Valério, Cleoberlito, Guerra, Gilberto, Feitosa, Bernardo, Moura, Libano (Esse ficou raro já no final) etc.

Servi na primeira companhia no 72ºBIMtz de 1987. Dizem que era a mais indisciplinada do batalhão. Poderia ser escolhida para desfilar com o uniforme novo da caatinga em Brasília daquele mesmo ano, mas por conta da indisciplina, deixou de ir e, em seu lugar, foi a companhia de apoio, comandada pelo capitão Zairo.

Agora imaginem essas pessoas se encontrarem, após 30 anos de separações. Há muita coisa para recordar, fatos alegres e tristes. Histórias de sucessos e fracassos também. O mais importante não é a realização pessoal de cada um, mas poder está presente com vida e dar aquele forte abraço naqueles que um dia comungaram dos mesmos ideais do tempo da caserna.

É exatamente isso que está sendo programado. Alguém teve essa brilhante ideia, ganhou corpo, forma e, esse encontro está previsto para os dias 29, 30 de abril e 1º de maio do ano em curso de 2017. Estarão presentes oficias da reserva, infantes que ainda estão em plena atividade, vários combatentes que serviram no período de 1987 e também em outros anos e quiseram abrilhantar esse evento conosco, bem como, familiares e amigos. Virão guerreiros de São Paulo, Recife, Salvador, Curitiba, Vitória (do Espírito Santo), Goiânia, e, de outras cidades. Será lindo, prazeroso, divertido e inesquecível. Mais informações: Alírio (zap 8798841-6676) e Gildo (8798813-4697).

Antonio Damião Oliveira da Silva/Leitor

Artigo do leitor: “Quem é voluntário em servir ao Exército Brasileiro?”

  1. Marcos disse:

    Deveria fazemos igual a Costa Rica, extinção das Formas Armadas, gastos desnecessários, qual a real serventia para a sociedade? Nenhuma. Deveria investir o quantitativo gasto em Segurança Publica.

  2. Pedrão disse:

    Coitado, esse Marcos deve ser um analfabeto, não entende de nada. Da até pena, esse Brasil tem de tudo.

  3. Aldenicio Lino disse:

    Cada um com sua maneira de se sentir bem. Eu ainda acho um tempo perdido na vida de um jovem, no momento de estar se preparando para ingressar na universidade perder um ano no Exército. Fiz de tudo para ser dispensado para não atrapalhar meus estudos tomando como base exemplos de colegas que serviram e tiveram dificuldades em retornar aos estudos. Não me arrependo e estímulo aos jovens a estudar e estudar, o que o exército ensina a família é capaz de ensinar melhor e uma formação profissional aplicável a vida comum das pessoas que se aprende nas universidades , o e exército faz precáriamente.

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