Preocupada com a situação na qual se encontra o Rio São Francisco, a leitora Gleide Lisboa Romão Leite nos envia este belo poema, de autoria de Daniel Ferreira Leite. Boa leitura:

Olhe o Velho Chico

Lá na Serra da Canastra

Terra de Minas Gerais

Nasce o Rio São Francisco

Coisa bonita demais

Sai molhando todo esse sertão

Vai até as Alagoas

Terra dos Marechais.

Cortando esse sertão inteiro

É o Rio da União

Passando por cinco estados

Molhando todo esse chão

Dando água a quem tem sede

Sem cobrar nem um tostão.

Mas o nosso povo

Com falta de educação

Está matando o São Francisco

Com tanta poluição

Com veneno e esgoto

Tem que haver punição

Hoje na beira do rio

já se criou muitas chácaras

De formas desordenadas

Acabando as ribanceiras

Ate matando ingazeira

Pras lanchas ancorar

Que os órgãos de proteção

Que não vão fiscalizar

Hoje na beira do rio

Não se pode mais pescar

É cerca pra todo lado

Só se ver roça por lá

Até a Ilha do Fogo

Tomaram conta os militar

O Exército tomou conta

Dizendo que ia cuidar

Mas mão foi isto que eu vi,

Não fizeram nada lá

Só foi para proibir

De tomar banho e pescar

Tá certo, há muito agroindustrial

Nas margens do São Francisco

Mais para que tudo isso

Se o rio empobreceu

E que todos os peixes morrer

E não ter o que pescar

Hoje na beira do rio

Só se vê sujeita e destruição

No povoado Cupira

Distrito de Santa Maria

Se formou ate lixão

Nosso Rio são Francisco

É um futuro Tietê

Só um canal de esgoto

Nem água vai ter pra beber

Nem uma piaba viva

e nem um sapo vai ter

É pois um presidente

Teve ideia de jerico

Quis ganhar todo muito no grito

Com a tal de transposição

Esta é uma ideia do cão

Leva água para o Ceará

Para os ricos poder criar

O formoso camarão

E a ideia pior

É criar energia nuclear

Para poluir o rio

E nosso peixe matar

E depois joga o lixo

Aqui no nosso sertão

E poluir nosso chão

Nem mato vai nascer lá

Até o bispo de Barra

Que fez greve de fome

Pra convencer o homem

A parar a transposição

Mas esse disse não

Você pode até morrer

Porque eu não vou ceder

Quero é fazer meu nome

Às vezes sinto falta

Aqui no nosso sertão

Do famoso Lampião

Para esse cabra pegar

E depois de amarrar

Passa ele na peia

E depois cortar-lhe a orelha

Pra ele melhor pensar.

As cidades ribeirinhas

Joga lixo pra danar

Não se tem um tratamento

Que possa elogiar

Todas jogar esgoto no rio

Vocês podem acreditar

As barragens feitas ao longo do rio

Impedindo os peixes desovar

Foi o que mais contribuiu

Pra todas essas espécies se acabar

Com certeza tem a mão do homem

Que não tem outra forma de pensar

Cadê o instituto Ibama?

Que nunca pega um grandão

Com um crime ambiental deste

Pra mode botar na prisão

Eles só pegam o pobre

Que vai pegar uma piaba

Pra mode fazer um pirão

Tem que haver união

Pra salvar o São Francisco

Porque corremos o risco

Deste rio se acabar

Depois como vai ficar

Toda essa região

Sem rio, sem água, sem pão

Todos no vamos morrer

E não vai haver salvação

Surubim grande, dourado, pacomon

Matrinchã, sarapó e pira

São peixes que não se encontram lá

Piau, cachorro só assim em fotografia

Pois eu acho uma grande covardia

Tudo isso que o homem praticou

Com um rio que só deu alegria

Os políticos brasileiros não fazer nada

Para o rio São Francisco eles salvar

Pois eles querem mesmo é sugar

O potencial que ele tem

Com discurso bonito eles vêm

Prometendo o que eles não podem cumprir

Porque eles só faz mentir

E não fazem nada por ninguém.