Artigo do leitor: “Luís Augusto Fernandes, o homem do Plano Diretor de Petrolina”

por Carlos Britto // 02 de outubro de 2016 às 12:02

petrolina visão aerea cidadeO leitor Aurélio de Macedo Rodrigues destaca, neste artigo, um pouco da história de vida e de política do ex-prefeito de Petrolina, Luís Augusto Fernandes, que faleceu no dia de ontem (1), aos 86 anos. Aurélio contou com a colaboração dos amigos Cosme Cavalcanti (arquiteto) e Avelar Amador (odontólogo), além de outro ex-prefeito, Augusto Coelho, destacando que Luís Augusto foi um visionário ao criar o primeiro Plano Diretor do município.

Boa leitura:

O engenheiro civil Luís Augusto Fernandes marcou profundamente a história de Petrolina, quer como prefeito quer como cidadão. Carioca, nascido em 19 de setembro de 1930 e falecido em Brasília em 1º de outubro de 2016, aos 86 anos. Chegou a Petrolina no dia 13 de dezembro de 1954, com apenas 24 anos. Formado pela Universidade do Rio de Janeiro, como prefeito visionário, trouxe para Petrolina uma nova mentalidade de administração pública, cujo Plano Diretor Urbano marcou profundamente a cidade, ao preparar a infraestrutura necessária e nortear todas as administrações municipais posteriores para um futuro promissor.

Foi casado com Yedda Coelho, neta do Cel. Quelê e dona Josepha Coelho, filha de Diva e de Jose Fernandes Coelho, com quem teve cinco filhos: Jose Augusto (consultor da CNI), Cristiano (professor da PUC-RJ), Rogerio (Chesf), Bernardo e Mônica (arquiteta). Após separar-se com Yedda Coelho, casou-se com Ieda e não tiveram filhos deste casamento.

Cinco anos depois de chegar em Petrolina, Luís Augusto Fernandes foi eleito prefeito municipal para o período de 1959-1963, juntamente com o Vice-prefeito Diniz de Sá Cavalcanti. Naquela época, Petrolina contava com 15 mil habitantes e tinha o aspecto comum das cidades sertanejas em tímido progresso urbano: casas comerciais de aparência acanhada de ruas estreitas; pouco calçamento; residências na sua maioria construídas nas testadas dos lotes, pegadas umas às outras; casebres de taipa enfeiavam e favelavam áreas da cidade. A energia elétrica era precária, obtida por geradores a óleo diesel, na Ilha do Fogo.

A partir desse quadro, o prefeito Luís Augusto Fernandes procedeu a uma verdadeira revolução no município, como consta na excelente cronologia histórico-cultural de Petrolina, “A terra dos impossíveis” – de Marta Luz:

Implantou o Plano Diretor Urbano, com apoio técnico do Serviço de Levantamento Aerofotogramétrico da Aeronáutica de Olinda (PE) e do Departamento de Urbanismo da Faculdade de Arquitetura do Recife, resultando no delineamento dos logradouros novos, áreas de expansão, distrito industrial, áreas de lazer, porto fluvial, acessos rodoviários, cinturões de contornos, etc.

Disciplinou as novas construções, com exigência de plantas baixas e de fachadas, com recuo obrigatório das edificações, o que ajudou em muito a melhorar o visual da cidade. Promulgou leis ampliando os limites urbanos, consolidando-se para a prefeitura a condição de maior posseira na Fazenda Massangano (onde se localizava a cidade), de forma a permitir o respaldo legal para aforamentos e expansão urbana.

Dividiu os terrenos da prefeitura em loteamentos públicos, cujos lotes eram arrematados em leilões nas áreas mais nobres e por aforamento à população carente, nas áreas suburbanas.

Melhorou o aspecto urbano da cidade, abrindo avenidas e arruamentos largos, retificando e calçando ruas, desapropriando imóveis, construindo praças, embelezando-as com ajardinamentos modernos (a Praça da Matriz, a Centenária, construída por Dr. Pacífico da Luz e dotada por Dr. Luís Augusto Fernandes, de espelho d’água e monumento da barca, de autoria de Celestino Gomes, arborizando, melhorando a iluminação pública).

Deu ênfase à implantação de algarobeiras em substituição à antiga arborização de fícus benjamins, sempre atacada por pragas.

Criou e instalou a Biblioteca Municipal, com o aproveitamento de um prédio da prefeitura onde funcionou a antiga estação geradora de energia elétrica a motor (foi sede também da Empresa Melhoramentos de Petrolina, no tempo do prefeito Major Alcides). Adaptou-o, dando-lhe feições modernas, com salão aconchegante de leitura, em ambiente silencioso, e dotando-o de acervo diversificado. No dia da inauguração dessa biblioteca, o prefeito Dr. Luís Augusto disse, em seu discurso: “Assim, a casa que antes havia iluminado a cidade, passa agora a trazer luz às inteligências”.

Estimulou manifestações artísticas e culturais, prestigiando as tradições folclóricas (folguedos natalinos, zabumbas, etc.), os pendores artísticos, como no monumento da barca na Praça da Matriz, de autoria do artista petrolinense Celestino Gomes; o artesanato de barro utilitário-artístico (com orientação de uma voluntária norte-americana do Corpo da Paz, que celebrizaria a artesã Ana das Carrancas), proporcionou shows nos navios-gaiola com os turistas que desciam o Rio São Francisco, etc.

Apoiou a população do interior do município, proporcionando melhores condições de vida ao homem rural, com mais estradas, escolas, postos de saúde, ambulância para o transporte de doentes, casa de farinha e extensão rural aos núcleos ribeirinhos, mediante convênio.

Fez a Reforma Fiscal Administrativa, com assessoramento de técnico em Direito Tributário e Finanças Municipais, de Salvador, com o objetivo de estruturar administrativamente a prefeitura e melhorar sua arrecadação, do que resultou o Novo Código de Postura.

Além do seu trabalho pessoal à frente da Fundação Educacional de Petrolina (por ele criada e instalada), participou também, como prefeito, para a manutenção inicial do Ginásio de Petrolina (depois Escola Estadual de Petrolina) com verbas municipais e com a cessão de terreno para construção do Ginásio Industrial (depois EMAAF). Enfim, dezenas e dezenas de outras ações da mesma envergadura.

Posteriormente ocupou outros cargos, como o de Secretário de Coordenação-Geral do governador Nilo Coelho (1967-1970); Secretário de Planejamento e Coordenação do INCRA (1972) e Diretor do Departamento de Desenvolvimento Rural do INCRA (1982).

Aurélio de Macêdo Rodrigues/Petrolinense, servidor municipal à disposição da Câmara dos Deputados

Artigo do leitor: “Luís Augusto Fernandes, o homem do Plano Diretor de Petrolina”

  1. Passagem do Juazeiro/Petrolina/PE (09/07/1743 - 273 anos de história) disse:

    Ele nasceu no RJ, mas com esse sobrenome (FERNANDES) não seria ele filho de petrolinense?

  2. Naja disse:

    Me poupe, falar bem por ter plantado algaroba?

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