Artigo do leitor: Gonzaga Patriota volta a defender interligação dos Rios Tocantins e São Francisco

por Carlos Britto // 07 de outubro de 2015 às 19:33

gonzaga

Neste artigo enviado ao Blog, o deputado federal Gonzaga Patriota (PSB-PE) volta a ressaltar sobre a necessidade de interligar o Rio Tocantins ao São Francisco, como única alternativa de salvar o Velho Chico.

Confiram a íntegra do artigo:

Como morador nas margens e modesto conhecedor do Rio São Francisco, na cidade de Petrolina, tenho percorrido o seu trajeto, de Pirapora até Petrolândia, no lago de Itaparica e, vendo a diminuição do seu volume de água a cada ano que se passava e, considerando estarrecedora e preocupante a situação de um dos rios mais importantes do Brasil, essencial para milhões de pessoas, em particular as que residem no interior do nordeste brasileiro e, como parlamentar, não dando mais para assistir à impassível morte desse gigante maltratado, no ano de 1995 apresentei o Projeto de Lei nº 250/95, que foi reapresentado, em 2013, através do Projeto de Lei nº 6.569/2013, e aprovado por unanimidade na Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, para interligar o Rio Tocantins a esse Rio São Francisco, o “Papa nordestino”, para que ele possa continuar desenvolvendo a região nordeste do Brasil.

No ano de 2004, em audiência com o então Presidente Lula, lhe repassei os dados que apresentarei na audiência pública dessa Comissão de Viação no próximo dia 20/10, tendo o então presidente designado, imediatamente, o seu vice-presidente, José Alencar, para proceder ao levantamento desse meu projeto.

O competente vice-presidente José Alencar, com sua também competente equipe de trabalho, constatou que a solução para salvar o Rio São Francisco e a região nordeste seria a sua interligação com o Rio Tocantins.

Passados 20 anos da apresentação desse meu Projeto de Lei nº 250/95, e dos levantamentos procedidos pela equipe do então vice-presidente José Alencar, nenhuma providência fora tomada pelo governo e, a cada dia, mais água retirada do Rio São Francisco, para atender as necessidades da região, inclusive, agora, com o início da implantação de dois grandes canais saindo do Rio São Francisco, com custo superior a 10 bilhões de reais, para interligá-lo a outras bacias hidrográficas e abastecer 12 milhões de pessoas nos Estados de Pernambuco, incluindo 70 municípios da região agrestina, próximo à capital, bem como os Estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba.

Em face da grave escassez atual de água do rio São Francisco, pondo em risco o colossal, bem como esses investimentos – 10 bilhões de reais –  do governo federal, na transposição do Velho Chico, para atender esses 12 milhões de nordestinos, é que apelarei às autoridades do governo, presentes e representadas, na audiência pública da Comissão de Viação, para que possam apoiar esse nosso Projeto de Lei, considerando as sugestões a seguir, capazes de contribuir para a adequada regularização do nível da barragem de Sobradinho, no Estado da Bahia e, tornar possível atender também as crescentes demandas à jusante, principalmente as usinas hidrelétricas.

Como consta do meu Projeto de Lei, além da interligação hidroviária, trata-se, também, da transposição de água do Rio Tocantins, com ponto de captação na margem direita, ao sul da cidade de Porto Nacional, no Estado do Tocantins, para o rio São Francisco.

Essa escolha do traçado se prende ao propósito de exigir a menor intervenção possível de obras de engenharia e, consequentemente, reduzindo os custos do projeto.

O trecho mais oneroso dessa transposição está no Estado de Tocantins, pois haverá necessidade de construção de canais e elevatórias para conduzir a água, até transpor a Serra Geral de Goiás, na divisa do Estado de Tocantins, com a Bahia. Neste ponto, no Distrito de Garganta-BA, a água é despejada na nascente do Rio Preto, de onde segue por gravidade até desaguar na barragem de Sobradinho, o maior reservatório artificial do planeta, num percurso de 523 km.

Esse primeiro trecho da integração do Rio Tocantins com o Rio São Francisco visa a encontrar a menor distância para os canais e a topografia mais favorável a ser vencida, até chegar aos contrafortes da Serra Geral de Goiás.

O ponto mais adequado para a captação na confluência do Rio Manuel Alves, afluente da margem direita do Rio Tocantins, o qual se encontra, em linha reta, a 61 km, à montante e ao sul, da cidade de Porto Nacional-TO.

A escolha desse local se prende ao fato do Rio Manuel Alves ter sua nascente no flanco oeste da Serra Geral de Goiás, próximo a nascente do rio Preto, no flanco leste dessa serra. No traçado em linha reta de direção E-W, a distância do ponto de captação, na foz do rio Manuel Alves, até a nascente do rio Preto é de 208 km.

Este traçado atravessa os cumes das Serras de Belo Horizonte e do Batista, com altitude de 680m, existindo alternativa, possivelmente mais viável, do ponto de vista econômico, que será contornar a cumeeira das serras, seguindo o leito do rio Manuel Alves, cujas altitudes, no trajeto, vão variar de 260m a 450m.

Do oeste ao leste, ou seja, da foz do Rio Tocantins, até a divisa TO/BA, o Rio Manuel Alves atravessa os seguintes municípios, no Estado de Tocantins: Morro de São João, Apinajé, Natividade, Príncipe e Dianópolis.

Do ponto de captação até o encontro com as águas da barragem de Sobradinho, o percurso total será de 733 quilômetros, assim distribuídos: 210 km do rio Tocantins até o distrito de Garganta – BA; daí segue no leito do rio Preto, até a confluência com o rio Grande, por 315 km; desse ponto, segue por 86 km, até desembocar no rio São Francisco, na cidade de Barra-BA; desse ponto até a barragem de Sobradinho, percorre-se 122 km. 

Como referenciado anteriormente, apenas no primeiro trecho, correspondendo a 28,6% do percurso total, haverá necessidade de obras de engenharia, para a adução e elevação da água, a 600 metros de altura, de modo a transpor a Serra Geral de Goiás, na divisa Tocantins/Bahia. Daí em diante, a água escoa por gravidade ao longo de 523 km, 71,4% da trajetória, atravessando a Chapada Ocidental da Bahia, geologicamente formada pelos arenitos do Grupo Urucuia, até seu destino final, na barragem de Sobradinho.

A precipitação média anual na bacia do Rio Tocantins é de 1.600mm, estendendo-se os meses chuvosos de novembro a março e os meses secos de junho a agosto, enquanto a região semiárida do Rio São Francisco tem índices pluviométricos inferiores a 600mm anuais. A vazão média do Rio Tocantins é de 13.600m3/s, e a do rio São Francisco 2.846m3/s, esse, hoje, com menos de 800m3/s.

Admitindo-se uma retirada de 50m3/s, o impacto sobre a vazão média do Rio Tocantins é de 0,37%, mas representaria um acréscimo de 1,76% na vazão média do Rio São Francisco, dados obtidos de um trabalho elaborado cuidadosamente pelo geólogo João Moraes, que muito tem nos ajudado neste trabalho de interligação do Rio Tocantins ao Rio São Francisco.

Gonzaga Patriota/Deputado Federal

Artigo do leitor: Gonzaga Patriota volta a defender interligação dos Rios Tocantins e São Francisco

  1. marina disse:

    Esse é um projeto necessário . O São Francisco já doou água para todo o Brasil na forma de energia.
    Tá na hora de um projeto amplo para o São Francisco que considere o povo sofrido e o progresso alcançado.
    Infelizmente o atual governo e seus apoiadores defendem o atraso, esmolas e são contra a irrigação.

  2. Pacato cidadão disse:

    50 m3 transposto não dá para nada. Só a transposição do rio São Francisco é 127 m3. Menos de 500 m3, torna inviável o projeto.

  3. Edilberto disse:

    Este seria um projeto de suma importância para o Rios S. Francisco e o nordeste, que deveria ter sido aprovado e concretizado antes da transposição. Me parece que não existe interesse por parte de nossos políticos, exceto raras exceções, quanto mais seca melhor o que me deixa crer que realmente a indústria da seca no Nordeste existe e está cada dia mais viva e alimentada por interesses que não visam o cidadão.

  4. marina disse:

    Se não fossem as barragens de sobradinho e três Marias a vazao do Rio seria menor do que 400 m3/s. Afluentes na região de montes claros secaram.
    Tá na hora de ter um projeto a altura das necessidades do Rio e sua gente.

  5. Luis Fernando disse:

    Apesar do Tocantins ter uma vazão média bem maior que o São Francisco, em períodos de seca, a sua vazão pode ser reduzida significativamente. Dá para ter uma idéia com essa notícia da ANA:
    http://www2.ana.gov.br/Paginas/imprensa/noticia.aspx?id_noticia=12720
    Além do mais, quais seriam os custos para esta obra? Seria somente para transposição ou poderia agregar a navegação também? A transposição do São Francisco está estimada em um custo total de R$ 11 bilhões e a disponibilidade de água nessa época faz falta para o restante do rio. Temos que considerar também cenários como esse que estamos vivendo. O El Niño não é novidade.

  6. Eu disse:

    Ai Gosta de tirar proveito de situaçoes kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

  7. Luiz Carlos disse:

    Mas o projeto é assim, diz tirar somente 50m3, mas depois que a obra sai, tira mais 50m3, mais 70m3 e mais 200m3 e mais 500m3. É assim, inclusive com a transposição. Quando neguinho perceber já estão chupando o Rio todo.

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