O economista Márcio Araújo, leitor deste Blog, questiona se não já passou da hora de o município de Petrolina rever a localização da Penitenciária Dr.Edvaldo Gomes, que para ele tem contribuído para aumentar a sensação de insegurança entre os moradores da zona leste.

Confiram:

As cidades vão crescendo e novos desafios vão surgindo. Inquietações de toda ordem impõem aos gestores e autoridades que zelam pela sociedade a necessidade da tomada de decisões que nem sempre são as que agradam a todos.

A zona leste de Petrolina, região compreendida pelos bairros do final da orla, entre a região do Iate Clube e as Faculdades (Facape e UPE), como Vila dos Ingás, Vila das Imbiras, parte da Vila Eduardo, Jatobá, parte do Fernando Idalino e os diversos condomínios ali existentes, constitui possivelmente a área do metro quadrado mais caro da cidade. Ou seja, em decorrência, possivelmente também o IPTU mais caro.

Em tese é pra ser também a área mais bem cuidada e mais segura, não por dever ser objeto de maior atenção da segurança pública, mas em razão de que os moradores mais abastados investem mais em segurança privada. Ademais, a infraestrutura básica tende a ser melhor, como no que tange a pavimentação, saneamento, limpeza urbana, iluminação e até mesmo paisagismo. Pois assim é nesta região de Petrolina. Ao menos deveria ser.

Deveria, porque não é o que se tem observado naquela região. Ainda que tenha havido investimento na infraestrutura, com a implantação da ciclovia e nova rotatória ali, depois do Iate Clube, parece ainda faltar muito para que a zona leste se configure como de melhor condição. Isso porque a questão da segurança é absolutamente mal resolvida, pois a região tem como importante e incômodo vizinho um presídio.

Não bastasse o trânsito no qual motoristas não respeitam a sinalização e conduzem veículos em alta velocidade, ameaçando moradores e visitantes; não bastasse a inexistência de redutores de velocidades entre os condomínios; não bastasse a existência de muitos terrenos baldios em boas ruas e que acumulam mato, escuridão, entulhos e por vezes servindo de esconderijo para marginais, a presença de um grande presídio em meio aos principais condomínios da cidade provoca um grande estupefato.

A despeito das considerações de quem chegou primeiro, se o presídio ou os condomínios, se o centro de detentos ou os loteamentos, o que se pode colocar em discussão é como num passado não tão distante se tomou uma decisão de alocar ali naquele espaço um presídio daquele porte (!?).

Petrolina sempre foi vista como cidade de elevado padrão de planejamento urbanístico. Mas há empreendimentos na cidade que foram alocados meio que sem “pé nem cabeça”! Não se trata do fato de, por estar por perto de condomínios de luxo, que esteja errado, até porque os bairros do Henrique Leite e Idalino não são considerados de moradores de alta renda e são vizinhos do mesmo jeito. E são incomodados do mesmo jeito.

A vizinhança do presídio na verdade incomoda em vários sentidos: dissemina o medo por conta de saber que há vizinhos de alta periculosidade; gera a insegurança com o risco de eventuais motins, fugas ou rebeliões e com o tráfego diário de apenados para audiências no Fórum; além das ocorrências das saídas de detentos em regime semiaberto o que tem motivado uma onda de assassinatos em qualquer hora do dia.

Que a violência em Pernambuco e na Bahia está fora do controle há muito tempo já se sabe. Entretanto incomoda-nos que decisões como a de se instalar um presídio numa região da cidade cujo plano diretor apontava para área residencial é que é de muito estranhar!

Em Juazeiro parece que a decisão foi mais acertada, alocando o centro de detentos fora da cidade, e bem afastado da área residencial. Seja de condomínios de luxo ou de bairros de residências humildes. Mas em Petrolina a situação não tem sido nada satisfatória, pois o número de ocorrências de homicídios em meio a residentes naquela região e a qualquer hora do dia tem sido assustador.

Empresários têm investido em empreendimentos de alto padrão, mas que têm sido maculados por crimes de alta violência. Corpos têm ficado estirados nas mesmas calçadas onde transitam crianças para escola ou jovens para faculdade. A cena que parecia comum na periferia das grandes cidades tem sido corriqueira na melhor área de Petrolina.

A existência do presídio naquele local pode estar motivando uma relação em que todos perdem: a insegurança aumenta em todos os sentidos; os imóveis não se valorizam; a prefeitura não arrecada o que poderia arrecadar; a sensação de moradia tranquila numa área de boa infraestrutura vai se embora. Moradores da região já se manifestam contrários à presença do referido vizinho. Não seria a hora de se repensar na relocalização daquele presídio?!

Márcio Araújo/Economista