Água de coco envasada vira mais nova fonte de renda de produtores dos perímetros irrigados no Sertão

por Carlos Britto // 11 de dezembro de 2016 às 20:29

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Em tempos de altas temperaturas como as de agora, nada melhor do que uma bebida saudável para manter o corpo hidratado. E água de coco é uma das melhores opções. Mas esqueça o formato convencional.

A água de coco já pode ser encontrada em garrafas de tamanhos diversos e sem aditivos ou conservantes. Essa é a mais nova fonte de renda de produtores familiares nos perímetros de irrigação geridos pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

No Perímetro Senador Nilo Coelho, em Petrolina, e Apolônio Sales e Barreiras, em Petrolândia (Sertão de Itaparica), agroindústrias de engarrafamento da bebida – que é apreciada pelo seu gosto peculiar e pelos diversos benefícios para a saúde -, fortalecem a produção do fruto e incrementam a renda dos produtores.

“É uma atividade de mercado que tem ajudado muito os produtores em relação à sazonalidade, quando os preços podem oscilar bastante“, explica José Costa, gerente regional de irrigação da Codevasf em Petrolina. O estado de Pernambuco é o quarto no ranking de produção de coco da região Nordeste, com cerca de 14,2 mil hectares de área plantada segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). É no Nordeste que se concentra a maior fatia da produção do fruto em todo o país.

Aposta

A água de coco envasada é uma aposta tanto dos agricultores dos projetos da Codevasf, que vêm criando agroindústrias próprias em seus lotes, quanto de empresas privadas que já exploram o filão. É o caso de duas agroindústrias sediadas no Ceará, que instalaram unidades no Sistema Itaparica – um conjunto de dez perímetros irrigados entre Pernambuco e Bahia, criado pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) para compensar famílias que viviam na área onde se formou o lago da usina hidrelétrica de Luiz Gonzaga, e que atualmente é administrado pela Codevasf.

“Esses lotes (do Sistema Itaparica) foram os primeiros a garantir boa parte da produção de coco da região e agora estão recebendo alguns empreendimentos. Hoje temos a Paraipaba, que implantou uma unidade de extração no projeto Apolônio Sales, e a Dikoco, que se instalou no projeto Barreiras, ambos no município de Petrolândia“, explica José Costa. Segundo ele, todos os empreendimentos estão recebendo a devida atenção por parte da Codevasf no que diz respeito à liberação de água para a instalação das indústrias.

No caso da Paraipaba, a unidade instalada no projeto irrigado Apolônio Sales extrai a água de coco e envia para a fábrica, no Ceará, a matéria-prima para produção da bebida – que é comercializada pura ou na forma de sucos mistos com frutas tropicais, como limão e abacaxi. Segundo o gerente da unidade em Petrolândia, Jackson Carvalho, são perfurados cerca de 60 mil cocos por dia no local, a maior parte adquirida junto aos agricultores do projeto. “Enviamos cerca de 25 mil litros diariamente para a fábrica em Paraipaba, no Ceará”, contabiliza Carvalho.

Bons frutos

No Senador Nilo Coelho, o agricultor Francisco Nunes tem investido no envasamento da água de coco e vem alcançando bons resultados. Conhecido na região como Chico do Coco, ele começou a atividade em 1991 por meio de uma associação de produtores, do qual foi presidente. Em 2013, ele começou a trabalhar individualmente. “Mas só em 2014 consolidei o negócio“, conta o produtor.

Em sua pequena agroindústria instalada no lote de 10 hectares, Chico do Coco tem cerca de quatro mil coqueiros espalhados em seis hectares que produzem cerca de 300 frutos por planta/ano, garantindo anualmente cerca de 36 mil litros de água. Toda a produção é comercializada em Petrolina e na vizinha cidade baiana de Juazeiro. O faturamento mensal é de cerca de R$ 30 mil por mês.

O envase da água de coco é feito artesanalmente em três tipos de embalagens: copo de 300 ml; garrafas de 300 ml, 450 ml e 950 ml e balde de cinco litros. “Hoje, com três empregados para executar o trabalho, a capacidade de produção é de mil copos por dia. Estou batalhando por um financiamento de cerca de R$ 120 mil em equipamentos; com isso a produção pode chegar a dois mil copos por hora”, planeja o produtor.

Potencialidades e benefícios

Segundo a Embrapa, o Brasil possui cerca de 280 mil hectares cultivados com coqueiro, distribuídos, praticamente, em quase todo o território nacional com produção equivalente a dois bilhões de frutos. Essa situação decorre principalmente do aumento da área cultivada com coqueiros anões e híbridos destinados à produção de coco verde (água de coco), os quais são naturalmente mais produtivos que o coqueiro gigante destinado à produção coco seco.

De acordo com o Sebrae, o consumo da água de coco verde no Brasil é crescente e significativo. Grande parte da demanda deve-se aos benefícios da bebida para a saúde devido a uma associação de substâncias que a tornam especial mesmo quando comparada com bebidas produzidas pelo homem. Ela é rica em vitaminas, minerais, aminoácidos, carboidratos, antioxidantes, enzimas e outros fitonutrientes que ajudam o corpo a funcionar com mais eficiência. Seu conteúdo eletrolítico (mineral iônico) semelhante ao plasma humano garantiu-lhe o reconhecimento internacional como melhor reidratante oral.

Os benefícios que ela traz à saúde não param em seu potencial reidratante. A água de coco promove o equilíbrio da química corpórea, beneficiando a saúde como um todo; reduz a pressão arterial e risco de doença cardíaca; previne arteriosclerose; facilita as funções renais; protege contra vários tipos de câncer; facilita a digestão; controla os níveis de glicemia no sangue; deixa o sistema imunológico mais ativo; possui propriedades antienvelhecimento e ajuda na preservação de bactérias amigas da saúde. As informações são da assessoria da Codevasf. (fotos/divulgação)

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